domingo, 6 de setembro de 2020

O valor de uma foto.

                                                                                              Creusa Meira

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Em pé: José Joaquim, Lurdes Meira, o amigo Marceliano Barros Meira (Celi Meira), Antônio Meira e José Meira. Sentados: João Meira, Francisca Alves Meira e Hércules Meira. (Foto do arquivo de Charles Meira)

Caminhando pelas calçadas do tempo, num desses dias nostálgicos que me fazem olhar para trás, talvez à procura de alguém perdido na poeira da distância, eis que encontro uma fisionomia conhecida. Uma fotografia de quase cem anos atrás. Olhei com bastante atenção e vi o rosto do meu pai num jovem tocando violino, com uma família que eu não conhecia. Mas, meu pai sempre tocou banjo, bandolim, violão, cavaquinho e nunca violino. Lembrei dele ter dito que o meu avô tocava e fabricava esse instrumento. Foi assim que eu conheci o meu avô, numa foto publicada na rede social, por um neto do seu amigo de juventude. Chorei ao lembrar a história que o meu pai conta em versos e prosas.

Aquele avô que eu não aprendi a amar estava ali, na minha frente, igualzinho ao meu pai, nas fotos de juventude. Tive uma vontade imensa de saber o que foi feito dele depois de ter abandonado a família à mercê da sorte, naquelas terras estranhas.

Faz tanto tempo! Uma parte da história eu sei, com todos os detalhes. A outra parte me inquieta. Por que, meu avô? Queria tanto tê-lo conhecido, como conheci o avô Rodrigo. Queria ter ouvido uma das canções que você tocava. Lamento que não tenha visto meu pai crescer, casar e ter os filhos que seriam seus netos.

Por mais difícil que seja entender as suas razões, esta foto tocou-me profundamente. Foi a única que pude ver. A vida árdua levada por minha avó e meu pai naquela época tornou difícil guardar qualquer lembrança boa desse convívio. Cada relato do meu pai carrega uma dor tão profunda, angústia de menino em busca do pai, decepção do adolescente rejeitado, dor do adulto que decidiu esquecer esse pai.

O tempo passou, meu avô José Joaquim dos Santos ( Zé Militão). As mágoas se foram na correnteza dos anos e hoje, com 95 anos, o meu pai Né Meira, que eu chamo carinhosamente Né Meira do Chorinho, não chora mais pelo pai. Ele até gostou de saber dessa fotografia antiga, tão parecida com ele.

 

Um comentário:

  1. Obrigada, Charles! Fico feliz em ver a minha publicação no seu Blog. Tudo começou com a visita que eu fiz ao grupo da Família Meira. Esta foto tocou-me muito! Nela eu vi o meu avô tão sereno, tocando violino, diferente da imagem que eu tinha dele. As pessoas têm o lado bom que nem sempre conhecemos. Abraços.

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