sábado, 11 de julho de 2020

Os Extranhos – por Reinaldo Pinheiro


Reinaldo Pinheiro

Reinaldo Pinheiro, Humberto Meira e Cleber Roriz, com espírito de liberdade, eles queriam cantar e ser felizes.
Extranhos com x? Exatamente: o x da questão! O intuito era justamente esse, chamar atenção, soar o mais estranho possível! A forma exótica dos músicos ingleses denominarem suas bandas e a maneira extravagante como se vestiam, influenciaram diretamente tanto na escolha do nome Os Extranhos, quanto no uso de japonas com a gola levantada e óculos coloridos, ambos emprestados pelos irmãos e irmãs de Cléber. Na realidade, não tínhamos nada de anormal ou misterioso. Éramos três jovens imberbes, sonhadores e encantados com a música!
Década de 1960, o mundo cantava Beatles, Rollings Stones e, no Brasil, a Jovem Guarda ditava a moda, o estilo musical e os costumes! Nessa época, Jequié possuía um dos melhores conjuntos da Bahia: o notável Bossa 6, formado por Bené Sena, Mário Alves, Judimar, Newton Muniz e Jayme Luna. O Bossa inspirou o surgimento de vários grupos musicais, Os Extranhos, inclusive.
Nosso objetivo era cantar no programa dominical Os Brotos Comandam apresentado pelos radialistas Geraldo Teixeira e Humberto Roosevelt, diretamente do Cine Teatro Jequié. Cléber Ferreira fazia segunda voz baixa, Humberto Meira, uma segunda voz alta, primorosa, e eu, voz normal. Modéstia à parte, a harmonia das vozes soava muito bem! Na programação, havia duas categorias: calouros e valores da terra, onde nos apresentávamos, e o final apoteótico se dava com a apresentação de Raimundo Amaral, “Cauby”, sob aplausos do público! Além das exibições no cinema, cantamos em algumas festas dançantes, acompanhados pelo conjunto Os Ímpares, formado por Antônio Rubens (Binho), Zé Pinheiro, Corbulon Rocha, Ivan Dias e Reynaldo Falcão.
O sonho acabou como disse John! Ao ser convidado por João Faustino, Cléber deixa Os Extranhos a ver navios e ingressa no conjunto La Bamba. Em seguida, foi a minha vez de ser convidado para fazer parte dos Ímpares (meus ídolos!). Nessa época, Humberto Meira, dedicando-se à composição, vence em primeiro lugar o I Festival de música do IERP. Em 1971, uma guinada em nossas vidas e fomos todos estudar em Salvador, fazer universidade! Na capital, com a saudade de Jequié, da família e dos amigos, criamos um conjunto denominado O Regional. Bem, aí começa outra história! Hoje, Cléber é juiz de direito, Humberto Meira, engenheiro e eu, professor. Detalhe importante: continuamos amigos! A música, como as musas, só nos deu prazer e lições de harmonia! (Jequié Repórter)

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