quinta-feira, 9 de abril de 2020

Regresso

Carlos Eden Meira

Ouve saltimbanco errante
No âmago do teu íntimo ser
Jaz uma réstia de diáfano sol
Em busca de outrora fulgurantes

Auroras boreais
No teu ininterrupto afã
Trôpego porém audaz
Rompes as intransponíveis cortinas
Que te separam dos mais ousados delírios

Transformando-te
De guapo mancebo
Em hediondo ser
De eras ancestrais

A inexorabilidade
Da tua bizarra epopeia
Enaltece as façanhas
Daqueles que desfeiteados pelos injustos
Subverteram a tudo e a todos
No afã atroz de atingir
Os seus desideratos

Urge porém que edifiques
Íngreme cordilheira
Separando os árduos porém salutares
Vales da razão
Das inebriantes porém sinistras
Selvas da loucura

Então da perplexidade do absurdo
À realidade lógica e sincera
Volverás incólume incorruptível
E pleno de sapiência secular

Ultrapassando os portais da insanidade
No regresso à razão
Qual fantástico filho pródigo
Que ao velho lar retorna

Setembro de 1982.

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