Carlos Éden Meira
Dentre
suas magistrais obras, o poeta, criminologista e escritor norte-americano,
Edgar Allan Poe escreveu o conto “A Máscara da Morte Escarlate”, onde citava o
horror de uma epidemia medieval que vinha matando milhares de pessoas na
Europa. Neste conto, o autor relata a história de um nobre que estava
promovendo um baile de máscaras em seu castelo, ordenando que todos os portões
fossem fechados, e só fossem permitidas as presenças de seus nobres súditos,
acreditando que assim, evitaria a entrada de alguns pobres doentes contaminados
pela peste, que morriam às centenas do lado de fora das muralhas do castelo. À
meia noite, um estranho mascarado usando um capuz foi descoberto dançando no
meio dos convidados, que repentinamente começavam a passar mal, e acabavam
morrendo fulminados, por uma insólita e fantasmagórica virulência da peste, ali
representada. De nada adiantaram os rígidos sistemas de segurança impostos pelo
nobre senhor, e a peste matou a todos.
Não é
nada difícil comparar o desespero dos personagens de Poe e das modernas
organizações mundiais de saúde de primeiro mundo, com a proliferação do
coronavírus. Durante anos, já se sabia da virulência das epidemias na Ásia e no
continente africano, como no caso do Ebola, mas ainda pouco se sabe qual o meio
eficaz para combatê-las. A África tem sido há séculos, um dos continentes mais
explorados e maltratados do planeta, seu povo escravizado, e seus descendentes
discriminados pelo mundo afora. Guerras internas, fome e miséria absoluta
obrigam povos de vários países a emigrarem em busca de salvação em outras
terras, legal ou ilegalmente. Raramente as portas do Primeiro Mundo lhes são
abertas. Agora, com o coronavirus vindo da China a se espalhar, ameaçando todo
o planeta, é que muitos países ricos sentindo-se vulneráveis, podem querer
intensificar ainda mais, sua discriminação aos refugiados.
No
entanto, cientistas do mundo inteiro trabalham desesperadamente, em busca de
uma vacina ou medicamento para combater o perigoso vírus, tentando inclusive,
mantê-lo fora dos “portais dos seus castelos”, mas o “encapuzado de máscara”,
assim como no clássico conto de Edgar Allan Poe, acabou entrando na “fortaleza
dos nobres”. Talvez ainda haja tempo para evitar que a epidemia chinesa se
espalhe em maior escala por outros países, se houver uma união entre as nações
que gastam milhões em suas caríssimas armas de guerra, convertendo o uso dessas
fortunas em despesas para ajudar maciçamente os povos, em pesquisas
científicas. Não somente na luta contra o coronavirus, mas, em campanhas
sociais, educativas e desenvolvimentistas, que possam modificar radicalmente a
triste realidade dos países mais atrasados, salvando assim, milhões de vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário