domingo, 17 de novembro de 2019

O Corso.

J.B. Pessoa

Capítulo - 10 do livro " Guris e Gibis".

Após o almoço, Johnny entrou em seu quarto para descansar um pouco. Antes de pegar no sono, ele relembrou as situações ocorridas naquela manhã, analisando os acontecimentos e medindo as conseqüências. A possibilidade de ter uma namorada lhe era bastante agradável, mas o deixava temeroso. Sempre morou no campo, sem contacto afetivo com as crianças de sua idade. Tinha tido uma doutrinação religiosa austera, realizada por um velho padre, tio de sua mãe, que sempre a visitava na roça. O garoto nutria pelas meninas uma ternura especial, como se elas fossem etéreas e aquela excitação pungente natural da puberdade, que às vezes sentia, era rejeitada, como se fosse algo sem pudor, ilícito, sujeito a recriminações. A menina que ele havia conhecido despertava-lhe aquela mesma sensação prazerosa, cuja licenciosidade era acompanhada com um leve sentimento de culpa. Apesar de ser bastante desenvolvido para seus doze anos, era completamente imaturo em termos de uma vivencia mais abrangente, em relação ao sexo oposto. E assim, perdido em suas divagações, o garoto finalmente adormece esquecendo os motivos que o afligiam.
Eram quase três horas da tarde quando Johnny foi despertado pela mãe, a pedidos dos seus amigos, os quais foram lhe esperar na venda de Dona Guilhermina. No momento em que saia de casa, passava pela rua, um cordão de caboclos que fazia parte da tradição carnavalesca da cidade. Eram formados, em sua maioria, pelos descendentes das tribos cotoxós e mongoiós, que haviam sido miscigenados com a população local. Vinha do Barro Preto, um lugar especial, onde os batuques do candomblé afro-indígena eram ouvidos até o raiar do dia nos finais de semana. Eles usavam uma indumentária neologista, baseada em algumas pinturas que retratavam índios brasileiros, na visão romântica de seus autores. Portavam grandes cocares de penas coloridas na cabeça e usavam tangas, também de penas, porém longas, com penas pequenas em volta dos punhos e tornozelos. Passava no corpo um pó de coloração roxo avermelhado, para se assemelharem aos índios puros e cantavam cantigas tradicionais, herdadas de seus antepassados.
O garoto assistia tudo aquilo, maravilhado. Sempre teve uma simpatia especial pelos índios, pois havia conhecido na roça, um caboclo descendente dos caetés, que lhe contava histórias interessantes do folclore indígena. Johnny acompanhou esse cordão até o alto do Maringá. Eles entraram na Rua Maracás, indo para o centro e o garoto desceu pela Rua Rio de Contas, que cruzava com a Santa Luzia, indo encontrar com seus amigos no local esperado.
Johnny entrou na venda, encontrando a sua turma, tomando caldo de cana e pilheriando uns com os outros. Tõe Porcino era o mais animado. Nos dias de festas e comemorações exercia uma liderança natural entre seus camaradas, que ninguém contestava. Era o mais extrovertido e extravagante componente daquela turma de pândegos. Porém, quando a turma era ameaçada ou atacada por outros, a chefia passava, automaticamente, para Edgar Pezão que, apesar de tímido, conduzia a sua turma com bravura, tornando-a uma das mais respeitadas, entre a meninada da cidade. Ao entrar na venda, o garoto foi saudado com animação pelos amigos. Vendo a farra de caldo de cana que faziam, resolveu caçoar deles, dizendo:
- Isso aí é mesmo caldo de cana ou aquele outro que passarinho não bebe?
- É caldo de cana caiana da boa, pois quero crescer forte e sadio. O pastor me disse que cachaça é para os pobres de espírito. – Observou Géo com convicção.
- Pai João diz a mesma coisa. Ele aconselha a gente não tomar pinga e nem aprender a fumar – Disse Mipai, que acrescentou:
- Eu quero ir para o Exercito Brasileiro e fazer carreira militar!
- Já eu quero ir para Salvador e entrar numa academia de boxe e ser campeão! – Disse Edgar, que há muito tempo, alimentava esse sonho.
- É isso aí, Edgar! Você e Mipai levam jeito para a coisa. Além disso, são fortes e desenvolvidos. Eu acho que os dois, quando estiverem crescidos terão mais de um metro e oitenta de altura. – Afirmou Johnny, contente em saber que seus amigos tinham planos para o futuro.
Mipai observava Porcino, que absorto em seus pensamentos, parecia muito longe dali. Querendo importunar o garoto com suas gozações e desmerecer o seu sonho, disse caçoando:
- O único aqui que vai ser um “pau d’ água” é Tõe Porcino, pois quer ser um sambista.
O garoto, aborrecido com tamanho despropósito, protestou raivosamente:
- O que é que o cu tem a ver com as cuecas?!
Mipai, querendo chatear ainda mais o garoto, disse com ironia:
- Todo mundo sabe que os sambistas são malandros e bebem demais, pois vivem na boemia!
- Êpa!... Alto lá seu sujeito! Nem todos são assim. Um grande sambista, que é o rei da malandragem, nunca bebeu ou fumou na vida! – Gritou o garoto, indignado.
- Ah, é?!... Quem é esse santo!
- O grande Moreira da Silva!
Mipai ficou calado. Ele também admirava o famoso cantor e compositor carioca. No momento em que Porcino ia pegar o seu pandeiro para entoar um samba do artista, Pé de Pata chama a sua atenção para um bloco diferente. Era a turma de estudantes do Colégio Estadual, que vinha em cima de um caminhão, portando um gigantesco barril em cima de sua carroceria. Estavam fantasiados de marinheiros e, com o nome de “Sócios do Barril” faziam apologias à bebida, inspirados na marcha rancho “As águas vão rolar”. No momento em que passavam pela Santa Luzia, eles cantavam o sucesso daquele ano, numa homérica bebedeira.
O caminhão seguiu pela rua em direção ao clube dos cadetes, que naquela hora iniciava o baile vespertino daquele domingo de carnaval. Atrás do caminhão seguia uma turma de caretas, composta pelos beberrões tradicionais do Bairro Joaquim Romão, que pegava carona nas músicas tocadas pelos componentes daquele bloco. O caminhão parou nas imediações do clube e os caretas seguiram pela rua, indo com sua batucada de panelas para o “Bar do Galego”, que ficava na Rua Gameleira de esquina com a Rua Caixa de Fósforos, permanecendo nesse local, por um bom tempo.
Os garotos deixaram à venda e seguiram para o clube. Johnny se despediu deles na portaria e foi ao encontro marcado com Vera Olívia. O garoto subiu a Ladeira Vinte Sete de Janeiro, atravessou a Rua Bela Vista e desceu pela Rua Laudelino Barreto, que terminava na Avenida Rio Branco, já no cento da cidade. Eram quatro horas da tarde, quando o garoto passou pela porta do Cine Teatro
Jequié, que no momento estava superlotado de expectadores, assistindo à reprise do filme carnavalesco, “Aviso aos Navegantes”. Johnny permaneceu, por alguns minutos, na porta do cinema, lamentando o seu esquecimento, pois queria assistir aquele filme nacional, tão comentado pela sua turma. Logo depois foi dar uma olhada na porta do Cine Bonfim, verificando que, o filme em exibição era de pouca importância na sua visão de entretenimento.
O relógio da igreja matriz badalou às quatro horas e quinze minutos, quando Johnny seguiu para a Praça Ruy Barbosa, onde era esperado pelas meninas. A Confeitaria Cristal era o ponto de encontro mais importante da cidade e naquele momento estava abarrotada de foliões. A maioria deles, rapazes e moças da fina sociedade jequieense que, trajando suas sofisticadas fantasias, cantavam os principais sucessos do carnaval daquele ano. Johnny notou que as garotas estavam acompanhadas de seus pais e, por alguns segundos, sentiu-se intimidado, devido a sua falta de convívio social. A amabilidade com que foi tratado pela família da garota, dissipou-lhe a timidez. Vera Olívia apresentou o menino à sua mãe e tias, que ficaram encantadas com a sua polidez e educação. Depois de algum tempo de conversa com aquelas senhoras, ficou sabendo que, os pais das gêmeas, o Seu Wilson e Dona Belinda eram amigos e confrades de seus pais na Congregação Mariana da Igreja Matriz de Jequié. Havia algum tempo que o Sr. Wilson Ribeiro conhecia o Sr. Miguel Pereira, desde que ele transportava em seu caminhão produtos da fazenda de Seu Miguel para a cidade. A mãe de Vera Olívia, encantada com o garoto, deu-lhe uma botija de lança-perfume. Johnny ficou maravilhado com o presente, agradeceu à senhora e partiu com as meninas para uma volta pela praça.
As sessões das matinês tinham sido finalizadas e as pessoas que saíram do cinema foram lotar a praça que já estava cheia de foliões. Os primeiros carros decorados começaram a movimentar, seguindo em filas, um atrás do outro, iniciando assim, o desfile da sociedade Jequieense. Vera Olívia resolveu voltar para a confeitaria, no momento em que sua família se dirigia para a Praça da Bandeira, onde estava estacionado o caminhão, perto da construção do gigantesco mercado municipal, que seria inaugurado ainda naquele ano.
O caminhão estava todo enfeitado com várias máscaras, representando tipos característicos do carnaval, assim como serpentinas e grandes bexigas de borrachas, enchidas de ar, desprendido pelos pulmões do pessoal que organizou aquela decoração. O Sr. Wilson contratou três músicos; dois com instrumentos de sopro e um de percussão, para animar seus convidados, fazendo da carroçaria do seu caminhão um pequeno salão ambulante.
O caminhão saiu da Praça da Bandeira e entrou na Rua Barbosa de Souza, atingindo a Avenida Rio Branco, encontrando o corso já formado, que saía da Rua Silva Jardim. O Sr. Wilson entrou na fila, atrás dos outros carros enfeitados para o evento, seguindo-os pela avenida, para depois entrar á esquerda, na Rua da Itália, seguindo para a Praça Luis Viana. Logo depois de contornar a praça, o corso entra na Rua João Mangabeira, com seus carros apinhados de foliões, para atingir sua apoteose na Praça Ruy Barbosa, em frente da confeitaria. Logo em seguida todo o trajeto era repetido, com mais automóveis entrando na fila, alguns de luxo, sendo muitos deles conversíveis, cheios de moças bonitas, cantando as marchinhas marotas, desse e de carnavais passados.
Johnny estava adorando tudo aquilo. Rodeado pelas meninas que o paparicavam, tinha uma visão panorâmica de toda a praça, pois estava no camarote, armado em cima da cabine do caminhão. Na praça, num vai e vem de foliões, desfilavam os tipos mais exóticos que ele havia conhecido. Os altos falantes da cidade apresentavam à população, as recentes gravações carnavalescas de Ângela Maria, Emilinha Borba. Dalva de Oliveira, Caubí Peixoto e Nuno Roland, entre outros artistas do rádio. Depois de algum tempo em cima do caminhão, as meninas resolveram descer e ganhar a multidão que fazia festa na praça. Johnny ficou pasmo ao ver algumas pessoas que, no cotidiano demonstravam uma austeridade rigorosa e na folia carnavalesca comportavam-se de maneira irreverente. Viu alguns conhecidos em atitudes extravagantes, que não condiziam com suas convicções. O rígido professor Irineu Bomfim estava fantasiado de “melindrosa” e, sem o menor pejo, sentava no colo dos seus alunos, com trejeitos femininos. O mesmo acontecia com o farmacêutico José Epaminondas de Carvalho, homem sério, de cinqüenta anos, pai de belas moças casadoiras. Ele saiu fantasiado de “Jeca Tatu”, carregando uma gaiola vazia, portando os dizeres: “Cadê a minha rola? Roubaram a minha a minha rola!” Uma distinta senhora, da sociedade local, que fazia parte do seu bloco, ria às gargalhadas e, caçoando do amigo, dizia para todos: “A rola dele morreu há muito tempo e só ele não percebeu!”
As fantasias eram diversificadas e primavam pelo humor. As meninas conduziram o garoto para o centro do jardim, onde havia um bloco de rapazes em trajes femininos, chamado “As Taradas em Folia”, comandada pelos jovens Enaldo Tourinho e Humberto Mariotti Filho. Nesse momento aparece um folião, fantasiado de “nêga maluca”, dançando no meio da multidão com um penico branco na mão e um garfo na outra. O recipiente estava cheio de cerveja, com pedaços de salame, cortados e decorados de maneira habilidosa para dar a impressão de ser outro conteúdo. A “nêga maluca” bebia a cerveja e espetava com seu garfo o salame que, depois de comer um pedaço, oferecia aos transeuntes dizendo: “Vocês querem?!... Está gostoso!”
As meninas encontraram um grupo de colegas, que brincavam na pista de patins, onde tinha sido improvisado um baile com os músicos do bloco “Sócios do Barril”. Foi uma verdadeira batalha de confetes e serpentinas, onde várias pessoas de diversas partes da cidade brincavam animadamente ao ritmo do frevo. Como a maioria daqueles foliões era adulta e a inalação de lança-perfumes, tomou proporções exageradas, Johnny achou melhor sair, pois achou o local inadequado para a presença das jovens. Vera Olívia convidou Johnny para tomar um sorvete, enquanto as meninas voltavam para o caminhão, que no momento passava em frente da confeitaria. Como a animação estava grande no recinto e o barulho atrapalhava qualquer tentativa de se manter uma conversa normal. A menina resolveu ir para um reservado, onde em dias comuns, as senhoras tomavam chá e saboreavam os famosos quitutes da casa. Naquela hora havia pouca gente na sala e, enquanto aguardava a garçonete trazer os sorvetes, eles se acomodaram em uma mesa perto da janela que dava para o pequeno quintal do edifício. A menina sorriu com simpatia e perguntou:
- Você está gostando do carnaval?
- Sim, muito. Como eu lhe disse antes, esse é o meu primeiro carnaval.
- Uma loucura, não é mesmo?
- Sim! Eu fiquei admirado com o comportamento de algumas pessoas sérias, fazendo molequeiras no carnaval!
- É isso mesmo, no carnaval tudo é permitido!
- Tudo?!
- Quase tudo, desde que não atente contra a moral e os bons costumes.
- Ah, sim! Compreendo!
Vera Olívia, depois de alguns instantes em silêncio, olhando encantada para aquele belo garoto de ar misterioso, disse animada:
- Amanhã a gente estará indo para Ilhéus. O carnaval de lá é muito animado e, além disso, a cidade tem praia!
- Puxa! Deve ser bacana um carnaval na praia!
A menina acariciou a mão do garoto estendida sobre a mesa, perguntando:
- Você já tomou banho de mar?
O garoto respondeu com uma leve tristeza, olhando o vazio.
- Não. Nunca estive numa praia! A cidade mais importante que conheço é Jequié. Antes eu morava na roça e conhecia pouca gente.
A menina deu um forte suspiro, relembrando outras viagens, dizendo:
- Ah, o mar é a coisa mais linda que existe!
- Eu tenho muita vontade de conhecer o mar. - Disse o garoto com ar sonhador.
Vera Olívia fitou seus olhos com ternura, dizendo comovida:
- Você consegue imaginar nós dois brincando o carnaval na praia? Seria emocionante, não é mesmo?
- Sim! Com certeza seria legal!
- Você quer ir com a gente?
Surpreso com o convite, o garoto ficou alguns instantes em silêncio. Avaliando a proposta, verificou que as circunstâncias não eram favoráveis. Pois seria necessário possuir um enxoval de veraneio e certa quantidade de dinheiro para as despesas que, naquele momento, não teria como dispor. Apesar da pouca idade, tinha senso de responsabilidade e bastante maturidade para não comprometer sua família com despesas inesperadas. Após alguns segundos de reflexão, inventou uma desculpa, respondendo amavelmente.
- Infelizmente não vai ser possível. Estamos esperando visitas em casa, que devem chegar amanhã. Quem sabe em outra oportunidade?
- Que pena! – lamentou a menina e, depois de um sorriso acolhedor, disse com esperanças:
- Tenho certeza que não irão faltar oportunidades!
Nesse momento a garçonete chega com as duas taças de sorvetes, que os jovens púberes saboreiam, enquanto conversam sobre os mais variados assuntos, numa precocidade surpreendente, que causaria admiração a quem os escutasse.
Depois de algum tempo naquela animada conversa, foram interrompidos pelas meninas, que vieram buscar Vera Olívia a pedido dos seus pais. Eram quase nove horas da noite e o corso estava chegando ao seu fim. A maioria dos foliões retornava às suas residências, para um breve descanso e repetir a folia mais tarde, no glamoroso baile carnavalesco do Jequié Tênis Clube, ou no recém-inaugurado Clube dos Cadetes, que, apesar de modesto, entrava com soberba no carnaval jequieense.
Johnny acompanhou as meninas até a Avenida Alves Pereira, onde estava estacionado o caminhão. Despediu-se delas e de seus pais, tendo o convite sido renovado, dessa vez pela mãe da menina, que continuava encantada com a educação daquele belo garoto. Vera Olívia demorou algum tempo conversando com Johnny, retardando a despedida. O domingo de carnaval tinha sido gratificante para os dois e naquele momento a menina sentia uma leve tristeza com a separação. Apertando a mão do garoto, disse comovida:
- Foi um dia maravilhoso! Estou muito feliz em ter-lhe conhecido. Espero lhe rever em breve e que a gente continue amigos! Se algum dia for a Jaguaquara me procure! Certo?
- Sim, com certeza. Eu também estou grato em ter lhe conhecido!
Johnny despediu-se da garota com um aperto de mão, dizendo:
- Então, adeus!
- Adeus, não. Até breve! – Dizendo isso, a garota beijou-o nas faces e correu para o caminhão, subindo na carroceria para junto das meninas, que lhe acenavam no momento. O caminhão deu partida, entrando pela Rua das Pedrinhas com destino ao Campo do América, onde estava hospedado o pessoal de Jaguaquara.
O garoto seguiu para a Praça Ruy Barbosa, que ainda continuava cheia de foliões, com algumas pessoas animadas, num vai e vem à procura de aventuras amorosas. Naquela hora da noite, as famílias que participavam do carnaval de rua, retiravam-se para suas casas e a praça se transformava num local apropriado para a boemia. Os camelôs, que comerciavam os produtos carnavalescos, recolhiam suas mercadorias, dando por encerradas as suas atividades do dia. O garoto foi até a pista de patins, onde o bloco “Sócios do Barril”, ainda comandava a festa. A pista estava repleta de foliões, travando uma verdadeira batalha, onde os confetes e as serpentinas ficavam em segundo plano. A inalação de lança-perfume era constante, enquanto as brincadeiras de alguns foliões embriagados começavam a incomodar. O uso de talcos e água apimentada, que eram jogados nos participantes da folia, por parte de alguns encrenqueiros, deixava alguns foliões irritados, gerando algumas brigas, que eram apaziguadas pelos mais sensatos.
Johnny não encontrou nenhum conhecido e seguiu para sua casa. Parou na porta do cinema, onde exibia o mesmo filme nacional da matinê. Em seguida, subiu a Rua Maracás, que estava movimentada pela quantidade de pessoas, que retornavam às suas casas. Chegando ao Largo do Maringá parou numa barraca, perto do posto e pediu um copo de mingau de milho. Ficou algum tempo merendando naquela barraca, enquanto observava as pessoas que frequentavam o bar. Havia no momento muitos caminhoneiros, vários boêmios e as moças da noite, que faziam dali o seu ponto de encontro. Nesse momento, uma cena inusitada chama a atenção das pessoas no largo. O “urso” que esteve em sua casa pela manhã, passou apressado, carregando nas costas o palhaço, que roncava inconsciente. Quando alguém lhe perguntou o sucedido, ele respondeu em tom brincalhão: “O sacana não aguentou o rojão!”
O garoto chegou a sua casa, muito tempo depois da hora combinada. Seus pais ralharam consigo, pois estavam preocupados com a sua demora. Johnny pediu desculpas, prometendo que o fato não iria se repetir e, depois de suas orações, foi dormir, relembrando o maravilhoso dia que passou, esperando sonhar com a bela Vera Olívi

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