Jornal Tribuna da Bahia - 19/01/1970. |
Foi um jogo chato, muito monótono mesmo. Apesar da correria.
Nenhum esquema tático, nenhum padrão de jogo predefinido, uma desorientação dos
dois lados. As duas defesas garantiram o empate, na base do pau. Jairinho,
lateral esquerdo do São Cristóvão, fez lembrar apanã. Os jogadores de meio
campo se limitaram, exclusivamente a destruir. Com exceção talvez de Siri, pelo
time de Salvador, e de Maíca, pelo Jequié, estes se preocuparam mais um pouco
com a coordenação das jogadas. Os ataques inexistiram. E o nervosismo injustificado
por sinal, foi a tônica até o fim do Jogo. Ontem no Estádio Valdomiro Borges
não houve um time melhor do que o outro. O empate foi o resultado mais justo. Foi
também o pior resultado, um zero a zero é sempre ruim. Deixa a gente com a
sensação que não houve jogo pra valer, foi um simples treino.
No primeiro jogo do Jequié, realizado em 18/01/1970 pelo Campeonato Baiano de Futebol, todos dos jogadores com o braço direito levantado saudando a torcida. |
Antes mesmo do jogo terminar, Antônio Conceição, técnico do
São Cristóvão, sentindo que o empate seria o resultado definitivo, já não podia
esconder sua alegria. Ria um riso largo. Depois da partida, Tonho saiu
comentando; excelente, excelente, gostei muito. Quase ninguém, talvez ninguém entendeu
a euforia do técnico. Entretanto o resultado para ele foi muito bom. Tonho
Conceição pegou o time do São Cristóvão no dia do torneio Osório Vilas Boas.
Durante a semana passada houve apenas três treinos. Além disso, os cinco
melhores do seu time não jogaram: Óton, Dito, Maracajá, Linha e Jackson. A
maioria está fazendo vestibular. E Tonho estava tão certo que iria perder o
jogo que, antes de começar já se desculpava, falando pela Rádio Baiana de
Jequié. Tonho dizia que não houve tempo para arrumar a casa.
Mas, quando o jogo começou, todo mundo sentiu, que o time de
Jequié não jogava aquele mesmo futebol do Torneio Intermunicipal. Seu ataque
não funcionava. Somete Marco, o ponta esquerda fazia boas jogadas individuais.
Não achava, entretanto, ninguém para ajudá-lo. Dilermando estava fazendo muita
falta. No meio de campo Maíca foi o jogador de maior sentido de conjunto. Passa
bem e é tranquilo nas disputas de bola. Chinesinho corria muito, apesar da
idade e do sol, mas sem entendimento com seus companheiros de ataque. Na defesa,
o goleiro Besouro estava inseguro, o lateral Tufu muito apreensivo quando a
bola chegava nos seus pés, procurando se desfazer dela. Carlinho, o zagueiro
central, foi, seguramente o melhor. Deu muito combate ao ataque do São Cristóvão
e é bom na cobertura.
Pelo lado do São Cristóvão, os melhores fora: Siri, Valtinho
e Edinho. O primeiro procurou armar seu time com jogadas pelo meio de campo e
não se envolveu com o clima de insegurança que era muito mais estrutural, falta
de esquema tático duro e não perdias as jogadas pelo alto. Edinho ponta
esquerda, foi o mais agressivo do ataque. Perdeu dois gols certos, mas todas a
duas jogadas, foram em decorrência do seu próprio esforço.
Somete Marco, o ponta esquerda fazia boas jogadas individuais. |
No banco de reserva do São Cristóvão, como que dando uma
prova de medo da derrota, lá estava Tonho Conceição. Gritou do inicio ao fim. E
até que não havia razão. A falha do time era muito mais estrutural, falta de
esquema, que só um trabalho de muito tempo pode superar. De nada adiantava o
técnico gritar o ponta direita Dilson para ajudar sua defesa ou se deslocar
para o meio. Como improviso nada dava certo. Os jogadores do São Cristóvão não
são de grandes recursos individuais, capazes de transformar um baba num jogo
certinho.
Maneca, aquele ex-jogador do Fluminense de Feira, parecia
menos inseguro. Não dizia uma palavra. Talvez ele acreditasse mais no seu time
do que acreditava Tonho Conceição do São Cristóvão. A verdade é que, se Jequié
repetisse seus últimos jogos do intermunicipal, venceria fácil. No primeiro
tempo isso não aconteceu. Maneca voltou para a segunda parte do jogo menos
tranquilo. A medida que o tempo passava e o gol não saiu, o técnico começava a
reclamar dos seus jogadores. Sua preocupação maior era não deixar que Jequié
recuasse, nos avanços do São Cristóvão. Ele gritou várias vezes para Tufu, exigindo
que o time fosse à frente. Mas tudo continuou como no primeiro tempo. Não
adiantava, nada dava certo.
A torcida, relativamente grande não se abalava. Não havia
motivo. Jogo ruim e sem atração. Na partida toda houve somente três lances bons,
de área. Aos sete minutos do segundo tempo, Dilson entro pelo lado direito da área
e chutou em cobertura para o gol. Edinho, ponta esquerda, aproveitando a indecisão
dos zagueiros de Jequié, entrou correndo de encontro à bola, cabeceou sozinho
da pequena área, mas nos braços do goleiro Bezouro. Logo depois, Chinesinho
atirou da entra da grande área, e a bola passou perto do gol do São Cristóvão.
E, aos 30 minutos, também do segundo tempo, Edinho perdeu outro gol, distante somente
uns dois metros da trave. Chutou e Besouro pegou de susto. Além disso não houve
mais nada. E até os jogadores do Jequié saíram se queixando da má sorte. Ontem
não foi o dia, Só Tonho Conceição gostou do jogo.
Um jogo ruim no Estádio Valdomiro Borges. O São Cristóvão estava desfalcado e Jequié não foi o mesmo do intermunicipal. |
O Jequié jogou com Besouro, Tufu, Carlinho, Zé Augusto e
Jurandir. Maíca, Maneca e Chinesinho. Flori, Tanajura e Marco. O time do São
Cristóvão foi o seguinte: Edvar, Coi Valtinho, Lúcio Alves e Jairinho. Birunga
e Lídio. Dilson Siri, Evandro (Zeca) e Edinho. O juiz foi Egberto Nascimento,
Marcou bem. Também não teve trabalho. A renda do jogo foi de NCr$ 4,5 mil. (AÉCIO
PAMPONET)
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