sábado, 2 de novembro de 2019

NUM JOGO CHATO SÃO CRISTÓVÃO E JEQUIÉ EMPATARAM FEIO


Jornal Tribuna da Bahia - 19/01/1970.

Foi um jogo chato, muito monótono mesmo. Apesar da correria. Nenhum esquema tático, nenhum padrão de jogo predefinido, uma desorientação dos dois lados. As duas defesas garantiram o empate, na base do pau. Jairinho, lateral esquerdo do São Cristóvão, fez lembrar apanã. Os jogadores de meio campo se limitaram, exclusivamente a destruir. Com exceção talvez de Siri, pelo time de Salvador, e de Maíca, pelo Jequié, estes se preocuparam mais um pouco com a coordenação das jogadas. Os ataques inexistiram. E o nervosismo injustificado por sinal, foi a tônica até o fim do Jogo. Ontem no Estádio Valdomiro Borges não houve um time melhor do que o outro. O empate foi o resultado mais justo. Foi também o pior resultado, um zero a zero é sempre ruim. Deixa a gente com a sensação que não houve jogo pra valer, foi um simples treino.

No primeiro jogo do Jequié, realizado em 18/01/1970 pelo Campeonato Baiano de Futebol,
todos dos jogadores com o braço direito levantado saudando a torcida.

Antes mesmo do jogo terminar, Antônio Conceição, técnico do São Cristóvão, sentindo que o empate seria o resultado definitivo, já não podia esconder sua alegria. Ria um riso largo. Depois da partida, Tonho saiu comentando; excelente, excelente, gostei muito. Quase ninguém, talvez ninguém entendeu a euforia do técnico. Entretanto o resultado para ele foi muito bom. Tonho Conceição pegou o time do São Cristóvão no dia do torneio Osório Vilas Boas. Durante a semana passada houve apenas três treinos. Além disso, os cinco melhores do seu time não jogaram: Óton, Dito, Maracajá, Linha e Jackson. A maioria está fazendo vestibular. E Tonho estava tão certo que iria perder o jogo que, antes de começar já se desculpava, falando pela Rádio Baiana de Jequié. Tonho dizia que não houve tempo para arrumar a casa.
Mas, quando o jogo começou, todo mundo sentiu, que o time de Jequié não jogava aquele mesmo futebol do Torneio Intermunicipal. Seu ataque não funcionava. Somete Marco, o ponta esquerda fazia boas jogadas individuais. Não achava, entretanto, ninguém para ajudá-lo. Dilermando estava fazendo muita falta. No meio de campo Maíca foi o jogador de maior sentido de conjunto. Passa bem e é tranquilo nas disputas de bola. Chinesinho corria muito, apesar da idade e do sol, mas sem entendimento com seus companheiros de ataque. Na defesa, o goleiro Besouro estava inseguro, o lateral Tufu muito apreensivo quando a bola chegava nos seus pés, procurando se desfazer dela. Carlinho, o zagueiro central, foi, seguramente o melhor. Deu muito combate ao ataque do São Cristóvão e é bom na cobertura.
Pelo lado do São Cristóvão, os melhores fora: Siri, Valtinho e Edinho. O primeiro procurou armar seu time com jogadas pelo meio de campo e não se envolveu com o clima de insegurança que era muito mais estrutural, falta de esquema tático duro e não perdias as jogadas pelo alto. Edinho ponta esquerda, foi o mais agressivo do ataque. Perdeu dois gols certos, mas todas a duas jogadas, foram em decorrência do seu próprio esforço.

Somete Marco, o ponta esquerda fazia boas jogadas individuais.

No banco de reserva do São Cristóvão, como que dando uma prova de medo da derrota, lá estava Tonho Conceição. Gritou do inicio ao fim. E até que não havia razão. A falha do time era muito mais estrutural, falta de esquema, que só um trabalho de muito tempo pode superar. De nada adiantava o técnico gritar o ponta direita Dilson para ajudar sua defesa ou se deslocar para o meio. Como improviso nada dava certo. Os jogadores do São Cristóvão não são de grandes recursos individuais, capazes de transformar um baba num jogo certinho.
Maneca, aquele ex-jogador do Fluminense de Feira, parecia menos inseguro. Não dizia uma palavra. Talvez ele acreditasse mais no seu time do que acreditava Tonho Conceição do São Cristóvão. A verdade é que, se Jequié repetisse seus últimos jogos do intermunicipal, venceria fácil. No primeiro tempo isso não aconteceu. Maneca voltou para a segunda parte do jogo menos tranquilo. A medida que o tempo passava e o gol não saiu, o técnico começava a reclamar dos seus jogadores. Sua preocupação maior era não deixar que Jequié recuasse, nos avanços do São Cristóvão. Ele gritou várias vezes para Tufu, exigindo que o time fosse à frente. Mas tudo continuou como no primeiro tempo. Não adiantava, nada dava certo.
A torcida, relativamente grande não se abalava. Não havia motivo. Jogo ruim e sem atração. Na partida toda houve somente três lances bons, de área. Aos sete minutos do segundo tempo, Dilson entro pelo lado direito da área e chutou em cobertura para o gol. Edinho, ponta esquerda, aproveitando a indecisão dos zagueiros de Jequié, entrou correndo de encontro à bola, cabeceou sozinho da pequena área, mas nos braços do goleiro Bezouro. Logo depois, Chinesinho atirou da entra da grande área, e a bola passou perto do gol do São Cristóvão. E, aos 30 minutos, também do segundo tempo, Edinho perdeu outro gol, distante somente uns dois metros da trave. Chutou e Besouro pegou de susto. Além disso não houve mais nada. E até os jogadores do Jequié saíram se queixando da má sorte. Ontem não foi o dia, Só Tonho Conceição gostou do jogo.

Um jogo ruim no Estádio Valdomiro Borges. O São Cristóvão estava desfalcado e Jequié não foi o mesmo do intermunicipal.

O Jequié jogou com Besouro, Tufu, Carlinho, Zé Augusto e Jurandir. Maíca, Maneca e Chinesinho. Flori, Tanajura e Marco. O time do São Cristóvão foi o seguinte: Edvar, Coi Valtinho, Lúcio Alves e Jairinho. Birunga e Lídio. Dilson Siri, Evandro (Zeca) e Edinho. O juiz foi Egberto Nascimento, Marcou bem. Também não teve trabalho. A renda do jogo foi de NCr$ 4,5 mil. (AÉCIO PAMPONET)

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