domingo, 3 de novembro de 2019

As missas de antigamente em Jequié.

J. B. Pessoa

Nas manhãs de domingo, nos saudosos dias de antigamente, quando a esmagadora maioria da população brasileira era constituída de católicos, as famílias jequieenses compareciam em peso às igrejas, para as famosas missas dominicais. Vestido em seus trajes domingueiros, o povo aparecia na Igreja Matriz de Jequié, hoje Catedral, num clima de alegria e festa. O entusiasmo era grande, pois além de ser um culto religioso, nos quais os fiéis veneravam as suas crenças, as missas eram um verdadeiro encontro social.
Se uma pessoa jovem dos tempos atuais, num passe de mágica, pudesse obsevar os rituais e o comportamento dos fiéis de outrora, ficaria abismada e certamente pensaria que aquele ato solene seria de outra igreja, de uma religião diferente. A começar pelo decoro das pessoas e da suntuosidade do ambiente. As mulheres, trajadas em seus elegantes e recatados vestidos, usavam mantilhas de véus em suas cabeças e, com missais e terços nas mãos, acompanhavam o ato litúrgico com veneração. Os homens compareciam às missas, acompanhados de suas senhoras e proles, usando ternos engomados de linho, algodão, ou mesmo da nobre casimira. Na companhia de suas famílias, eles cantavam os hinos religiosos com sobriedades. A juventude participava daquelas cerimônias com mais contentamento, porque, para muitos jovens, era uma oportunidade de rever uma pessoa caríssima.
As missas dominicais de outrora tinham um cheiro inesquecível. O aroma natural das flores que enfeitavam a igreja, o odor característico dos incensos queimados no altar, que somados aos deliciosos perfumes femininos, perfaziam a etérea cumplicidade do sacro e o profano.
As missas eram celebradas em Latim, que era a língua oficial da Igreja. Contudo, as leituras dos textos sagrados e o sermão dos sacerdotes eram feitos na língua pátria, cuja alocução, muitas vezes, era verdadeiras obras literárias. Com os fieis às suas retaguardas, os clérigos rezavam a missa referenciando os santos do altar Os hinos religiosos e os cânticos sacros eram executados por corais deslumbrantes, que acompanhados por virtuoses musicistas em seus nobres órgãos, compunham verdadeiras obras de arte.
A celebração ou o ritual das missas até os anos 60 obedecia a padrões seculares que provinham do Concílio de Niceia em 325 A D, sofrendo algumas modificações posteriormente. Satisfazendo a conceitos paradoxais, as missas de hoje são diferentes e não há um consenso entre elas, trazendo certa aflição aos crentes ortodoxos. Todavia, para os saudosistas, existem algumas missas televisionadas, cujo protótipo se aproxima das maravilhosas missas de antigamente

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