sábado, 7 de setembro de 2019

Os “PRDs” e suas Características.

                           Carlos Eden Meira

Duas características do comportamento humano que levam o indivíduo a sofrer e provocar o sofrimento moral do próximo, (vaidade e orgulho) podem também ser positivas, no sentido de gerar motivação para a autovalorização. A vaidade faz com que as pessoas se preocupem com a própria aparência, com o aperfeiçoamento de seus talentos e dons naturais. O orgulho mantém o auto-respeito e a dignidade individuais, sempre alertas.
Entretanto, a pessoa exageradamente vaidosa e orgulhosa pode ultrapassar os limites saudáveis de suas atitudes, tornando-se inconscientemente, uma “persona non grata” no meio em que vive. Disfarça a insegurança quanto ao reconhecimento de seu valor individual, e passa o tempo inteiro a agir na defensiva, competindo sempre nas coisas mais insignificantes, querendo mostrar que é melhor em tudo. Seu comportamento torna-se critico, quando percebe que existem pessoas ao seu redor, cujas qualidades intelectuais, físicas ou profissionais são iguais, ou melhores que as suas.
O indivíduo passa então a agir agressivamente, desvalorizando as qualidades daqueles de quem se sente “ameaçado”, tentando convencer a quem o ouve, de que seus conhecimentos são sempre superiores aos de quem quer que seja. Torna-se inconveniente em qualquer reunião de amigos, pois, está sempre a falar de si mesmo, o tempo inteiro. É sempre aquele que “não leva desaforo pra casa”, é o “sabe-tudo”, que mesmo sem ter muito conhecimento sobre um assunto, comete horríveis gafes, teimando e dando opinião, entrando nas conversas de quem é às vezes, especialista no tema abordado. Acaba sendo popularmente considerado um “PRD”, (Prosa Ruim e Demorada). O prezado leitor a esta altura, certamente já enumerou alguns “PRDs” entre seus conhecidos, inclusive, amigos e parentes.
Na verdade, esses “PRDs” são pessoas que quando estão sozinhas em seus raros momentos de reflexão, sofrem muito. No seu desespero de “ser”, ofendem seus possíveis amigos e prejudicam seu próprio “viver”. Não conseguem relaxar, buscando nas coisas simples da vida a sua paz espiritual, pois, talvez não aceitem - sendo “gênios” como acreditam ser - a sua inexorável finitude, na sua condição de seres mortais. Acho melhor encerrar logo o assunto, ou este texto pode acabar sendo considerado também, como uma prosa ruim e demorada. Ou não?

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