PREFÁCIO
Carlos Eden Meira
A
princípio, pode-se deduzir pelo título “Guris e Gibis”, que o tema aqui se
refere às histórias em quadrinhos. Entretanto, trata-se de um trabalho voltado
para reminiscências de João Batista Pessoa, em sua infância passada na Jequié
dos anos 50. Conforme ele mesmo diz, o ano de 1954 foi o que ele achou melhor
para ambientar o cenário de suas lembranças, numa mistura de fatos históricos
ou não, com casos fictícios.
Muitos
dos assuntos não históricos aqui narrados podem ter acontecido em anos posteriores
a 1954, mas o autor os incluiu neste citado ano, como numa “máquina do tempo”
em que o tempo vai e volta, sem que a cronologia alterada interfira na
narrativa, já que muitos dos personagens, nesses casos, têm seus nomes mudados,
sendo usados pseudônimos. Inclusive o nome do personagem principal, Johnny the
Kid, que representa o autor, o qual diz não se tratar de um tema
autobiográfico, ainda que este elemento seja percebido ao longo da narrativa.
É uma
obra infanto-juvenil contando casos vividos pelo autor durante sua infância e
pré-adolescência, brincadeiras, festas populares, brigas de rua e namoros, onde
a presença das garotas, coleguinhas de escola, povoa as páginas em momentos
repletos de romantismo juvenil. Alguns personagens citados têm seus nomes
verdadeiros preservados, sendo eles: professores, políticos ou profissionais
conhecidos na cidade e que eram simpáticos ao autor. Enfim, trata-se de uma
obra que, conforme o autor, não tem nenhuma pretensão que não seja apenas de
relembrar uma época por ele considerada como a mais feliz de sua vida.
INTRODUÇÃO
João
Batista Pessoa.
Guris
e Gibis é o título de um livro, o qual retrata um período especial em nossa
cidade. Foi idealizado como uma história de amor entre dois pré-adolescentes,
numa época em que os costumes sofriam a lenta evolução provinciana dos
acontecimentos globais. É um romance linear, que procurou captar a essência
etérea de tempos idos. Foi escrito sem pretensões acadêmicas, dentro de uma
narrativa realista, condizendo com o linguajar popular de então, cujo estilo se
aproxima a dos contadores de estórias.
Alguns
dos personagens aparecem com seus nomes verdadeiros. São homenagens do autor a
pessoas queridas, muitas das quais esquecidas pelo tempo. Contudo, essas
pessoas notáveis aparecem de forma narrativa, salvo em algumas exceções. Os
diálogos foram restritos à meninada, cujas idades variam dos nove aos dezoito
anos. Foram inspirados em jovens inteligentes, cujas precocidades podem parecer
estranhas nos tempos atuais.
A
época em que são retratados os acontecimentos, os quais formam o enredo desse
romance, é considerada por muitos, como o ano que marca de maneira definida, as
duas metades do século XX. 1954 foi um ano de acontecimentos singulares na
história política e social brasileira. Embora a televisão já tivesse sido inaugurada
no Brasil (1950), foi dar o ar de sua graça no território baiano no final de
1960. Nos anos 50 predominava, ainda, a Era do Rádio e aqui em Jequié, foi
inaugurada uma emissora de ondas médias, a “Radio Bahiana de Jequié”, a qual
foi bastante produtiva, abrangendo os interesses de todo o município.
As
palavras guris e gibis significavam dentro do linguajar clássico do idioma
português, garotos brancos e negros. Não havia, ainda, entre nós, o famigerado
politicamente correto. Tanto assim que, duas das principais revistas de
histórias em quadrinhos brasileiras eram nomeadas de “O Guri”, a qual foi
lançada nos anos 40 pela Editora O Cruzeiro e o “Gibi Mensal”, editada pela Rio
Gráfica Editora. Esta revista tinha como logotipo, um gibizinho de calças curtas,
sorrindo e apresentando, em desenho caricatural, a revista. As palavras Guris e
Gibis acabaram tornando-se sinônimas das histórias em quadrinhos, na maior
parte do território nacional.
Os
principais personagens do romance foram inspirados em amigos e companheiros do
autor. Muitos deles eram crianças no ano em que se passam os acontecimentos,
sendo que alguns, sequer haviam nascido. Eram garotos e garotas de precocidades
admiráveis, os quais abordavam temas, que se tornaram comuns em décadas
posteriores.
A “estrela”
principal do livro é a própria época! Um tempo em que Jequié tinha um status
mais importante do que hoje entre as cidades baianas. Cortava a cidade a
Rodovia Rio - Bahia, mais tarde denominada de BR-116; a Estrada de Ferro
Nazaré, com serviço de carga e passageiros; além de dois voos diários, pelas
empresas aéreas, a Real e a Nacional. Um período em que as festas cívicas,
religiosas e populares imperavam, trazendo lazer e satisfações à população
Jequieense. Era a época das grandes soirées, matinês e matinais nos cinemas da
cidade, onde a meninada se encantava com os filmes de “mocinhos & bandidos”
e seus famosos seriados, além das famosas tertúlias dominicais no Teatro da
casa Paroquial.
Boa
leitura a todos, e perdoem a nossa pretensão!
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