segunda-feira, 26 de agosto de 2019

O dia 7 de setembro dos velhos tempos.

                          J. B. Pessoa

A agitação começava cedo. Logo pela manhã, após o desejem, os jovens estudantes vestiam os seus uniformes escolares, engomados e passados com esmero, já estrategicamente preparados desde o dia anterior. Afinal, eles iam defender o estandarte de suas escolas. Com o escudo escolar ostentado no peito juvenil de cada um, todos iam cumprir seus cívicos deveres, homenageando a Pátria Amada e Idolatrada, a qual era venerada com devoção, sentimento nobre e verdadeiro que brotava, espontaneamente, naquela mocidade de antigamente.
Os sapatos, engraxados com vigor, brilhavam magistralmente naquele dia primaveril. A juventude alegre seguia radiante para seus colégios, na intenção de participarem do encontro patriótico e acatarem a ordem unida de seus educandários, nos quais eram hasteadas a Bandeira Brasileira, para depois entoarem o Hino Nacional, vindo a seguir, o desfile pelas ruas de suas cidades.
Aqui em Jequié, a comemoração não era diferente das outras cidades brasileiras. As festas cívicas eram festejadas com entusiasmo pela população. Todos os anos, o povo saia às ruas, usando seus melhores trajes, para ver os soberbos desfiles, promovidos pelas escolas jequieenses. No curso primário, o melhor destaque ficava para o Grupo Escolar Castro Alves, onde hoje funciona o Museu Histórico de Jequié. Muito aplaudidas então, também eram as bandas filarmônicas que atuavam no desfile. Havia uma grande disputa entre os dois principais colégios da cidade. O Ginásio de Jequié, conhecidos por todos como “O Ginásio do Padre”, que antes reinava absoluto, ganhou um rival à sua altura. A partir de 1952, o Colégio Estadual de Jequié, mais tarde Instituto de Educação Regis Pacheco, entrou na disputa, com torcidas entusiasmadas dos espectadores. Entretanto, era o Tiro de Guerra da cidade, o mais aplaudido, só perdendo em aclamações para as belas normalistas da Escola Normal do Ginásio de Jequié.
O final dos desfiles era sucedido pelas belas cavalgadas, onde hábeis cavaleiros ostentavam os seus animais de raça, cavalgando com elegância e vigor, dando mais brilho a festa. Terminando o desfile, a juventude ia comemorar o seu desempenho nas confeitarias e bares da cidade, permanecendo, assim, em alegres flertes até o entardecer.
Atualmente as datas cívicas não são comemoradas com o mesmo entusiasmo de outrora. O povo, apático, já não acredita em seus heróis. Uma série de desilusões acompanham os brasileiros nos últimos anos, fazendo com que as comemorações sejam trocadas pelas manifestações de protestos ou de articulações políticas demagogas.

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