segunda-feira, 5 de agosto de 2019

LIMITAÇÕES

                         Carlos Eden Meira

Sabemos que a função de qualquer texto é transmitir uma mensagem, isto é obvio. A objetividade e a clareza do assunto escrito facilitam ao leitor a assimilação da mensagem veiculada, gerando assim, a dinâmica necessária na relação entre quem escreve e quem lê. Isto se refere principalmente às matérias jornalísticas, cujo objetivo é atingir um enorme número de leitores, não importando seu grau de instrução. Entretanto, quando se trata de uma crônica ou um artigo, o uso da linguagem passa a ser relativo de acordo com o nível intelectual do autor e o de seus leitores.
Autores como João Ubaldo Ribeiro (de saudosa memória), Luis Fernando Veríssimo ou Carlos Eduardo Novaes, cujos textos inteligentes, criativos, bem humorados e objetivos, usam uma linguagem moderna, direta e perfeitamente assimilada por qualquer leitor de instrução média. Há também, escritores que usam linguagem mais rebuscada, recheada de termos incomuns, citações clássicas e eruditas, procurando usar uma narrativa que acaba incentivando o leitor a se esforçar para assimilar o assunto, recorrendo a dicionários, enciclopédias e gramáticas, ou seja, procurar se instruir. Entretanto, há os vaidosos que se acham gênios e criticam tudo e a todos, impondo uma espécie de “elitismo literário”, ainda que esses autores, em que pesem sua vaidade e hermetismo, induzam os jovens futuros escritores ao aperfeiçoamento intelectual. A eles não interessa unicamente comunicar e sim, expandir sua arte literária, sua erudição e cultura. Mas cremos que não é preciso ser um exímio gramático, nem ser um literato, para escrever um texto interessante. Para isto, basta ter uma razoável base gramatical, criatividade dentro do tema a ser desenvolvido, e saber conduzir uma narrativa dinâmica, que prenda a atenção do leitor.
Com referência aos três escritores que citamos no começo deste artigo, notamos que havendo originalidade, inteligência e senso crítico, podem-se desenvolver textos bem escritos, com redação impecável, de bom nível e que, no entanto, atinjam leitores de diversos níveis de instrução, devido a uma narrativa descontraída e eclética, mantendo a integridade de seu valor literário dentro do seu estilo, é claro. O grande escritor baiano Jorge Amado foi um claro exemplo nesse estilo. Ele disse certa vez numa entrevista, que se tivesse que se preocupar com a erudição no uso da linguagem, sua produção literária talvez não tivesse sido tão intensa, e que para corrigir eventuais falhas, existem os revisores.
Conscientes das nossas limitações, não estamos aqui procurando criticar quem quer que seja, mesmo porque não somos críticos, nem nos consideramos nenhuma autoridade no assunto. Nosso propósito é escrever sobre aquilo que nos “der na telha”, exprimindo nossas impressões sobre determinados temas, dentro dos nossos limitados conhecimentos literários ou mesmo gramaticais, sem medo dos herméticos, aproveitando enquanto ainda existe alguma lucidez, ter boa vontade, espaço disponível e (graças a Deus), liberdade de expressão.

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