segunda-feira, 1 de julho de 2019

OS “APÁTRIDAS”

                      Carlos Eden Meira
Há uma tendência de se usar o termo “apátridas”, principalmente nas mensagens via Internet, para designar os indivíduos cujas ideologias são antagônicas. Os extremistas de direita chamam de “apátridas” seus opositores extremistas de esquerda, que os consideram da mesma forma. Tudo no interesse meramente político de desqualificar os seus adversários, perante a opinião pública. Existem ainda, aqueles falastrões no YouTube, vaidosos que acham bonito usar o termo, antes completamente desconhecido para eles. Ocorre, entretanto, que o uso da palavra aí, é tendencioso e usado erradamente em termos linguísticos, já que no Dicionário Aurélio, a definição de “apátrida” é: “pessoa que não tem nacionalidade, por haver perdido a nacionalidade de origem, em conseqüência de naturalização, casamento ou outro fator, e haver depois perdido a nacionalidade adquirida sem readquirir a primeira”. (sic)
O uso desse termo de maneira irresponsável e tendenciosa pode levar ao choque entre grupos antagônicos, provocando atos de violência gerados por mera ignorância de quem escreve ou de quem lê um texto onde a palavra foi usada, e se sente ofendido. É preciso lembrar, que enorme número de pessoas fogem de seus países de origem, fustigadas por governos autoritários e ditaduras radicais, algumas das quais são culturalmente retrógradas e brutais, que não admitem a inexorável evolução dos costumes. Populações inteiras, mulheres, crianças e idosos, fugindo de suas pátrias para não morrer, porque tiranos malucos, insensíveis e fanáticos, manipulados para o interesse de grandes potências, não admitem ser contestados, e determinam que seus opositores sejam considerados “traidores da pátria”, levando-os à condição de “apátridas”.
O Brasil sempre foi um país tolerante com refugiados de guerra de outros países, recebendo-os de braços abertos, pouco importando os motivos político-ideológicos que os levaram a tal ato de desespero. Não se deve considerar “apátrida”, quem expõe a busca por seus ideais, numa saudável e democrática disputa de poder político, onde existe o direito de expressão. As nações mais desenvolvidas do mundo tiveram graves conflitos no passado, entretanto, já conseguem controlar através da educação, da cultura e de um sistema econômico estabilizado, quaisquer distúrbios mais graves, por questões político-ideológicas.
Mercenários que em tempos de guerra vendem seus serviços a qualquer país, mesmo que seja inimigo de seu próprio país, usam nomes e documentos falsificados para dificultar possíveis reconhecimentos, esses sim, podem ser considerados verdadeiros apátridas. É inadmissível que conterrâneos considerem-se entre si como “apátridas”, somente por não haver concordância entre suas idéias. Atualmente, muitos consideram o planeta Terra como a pátria de todos, visto que, até o momento é o único planeta onde existe vida. Esta linda esfera azul girando no espaço, nos foi entregue pelo Criador, para ser o lar da Humanidade. Mas a ganância, o egoísmo e o desespero para enriquecer, levam os gananciosos a agredir sua grande Pátria Mãe Terra, envenenando os mares, os rios, a atmosfera, queimando e derrubando florestas provocando a extinção de animais, em nome do “progresso”; ou provocando guerras que podem levar a uma hecatombe nuclear, o que seria o fim absoluto do planeta. Não seria assim, até mais lógico, considerar esses indivíduos como “APÁTRIDAS”?

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