terça-feira, 2 de julho de 2019

A Guerra do Paraguai – A polêmica continua.

                                                                        J. B. Pessoa.

Durante os anos do regime militar, qualquer parecer que enaltecesse as forças armadas nacionais era subjulgado pela esmagadora maioria do corpo docente universitário da época; principalmente a personagens históricos brasileiros, cujos exemplos contrariavam as ideologias das esquerdas. Assim, de maneira ostentosa, as veridicidades foram suplantadas de forma dolosa, vindo trazer malefícios a inapta juventude, desviando-a do caminho necessário a um porvir venturoso, pois o moral, que sempre enlevou a mocidade às causas virtuosas, estava liquidado.
Justamente nessa época, a Guerra do Paraguai, página importantíssima da historiografia brasileira, foi subvertida por ideólogos comunistas, que proliferavam no seio das universidades brasileiras. Geridas pelas teorias insensatas do jornalista Júlio José Chiavenato, partidário das causas marxistas e autor do livro “Genocídio Americano”, os professores esquerdistas brasileiros passaram a ideia de um Brasil vilão e opressor para os estudantes dos colégios e universidades de todo o país; o qual invadiu e destruiu o Paraguai, dizimando a sua população. Foi necessário os anos passarem, a queda do Muro de Berlim, a falência total do “socialismo real”, o colapso integral da União Soviética e do leste europeu, para a população brasileira ter a oportunidade de contestar as mentiras perpetradas pelos apátridas.
Para começar, o Brasil não invadiu o Paraguai e sim o contrário. Segundo o historiador brasileiro Francisco Doratioto, autor do livro “Maldita Guerra”, as causas do maior conflito da America do Sul foram o processo histórico regional, que envolveu a formação dos estados platinos. Diferentemente da independência das colônias hispânicas que se libertaram da Espanha, o Paraguai, que pertencia ao Vice Reinado do Prata, era uma província rebelde que se libertou de Buenos Aires, a qual deseja manter a mesma conformação geográfica da colônia, unindo, em um só país, O Uruguai, Paraguai e a Argentina. O envolvimento do Brasil nos problemas platinos vem desde a época colonial, quando os interesses dos luso-brasileiros chocavam-se contra os dos hispânicos do Vice Reinado do Prata, colônia espanhola. O milenar antagonismo entre lusitanos e celtiberos foi transportado para a America com a União Ibérica. Após a sua independência, as Províncias Unidas do Prata, (Argentina) viviam numa constante instabilidade política com alguns caudilhos governadores de províncias rebeldes, as quais eram apoiadas pelo Paraguai. Atendendo a seus interesses, o Império Brasileiro entrou em guerra contra o governante Uruguaio Manoel Oribe e mais tarde contra o ditador argentino Juan Manoel Rosas. A vitória do Brasil contra Oribe e Rosas só garantiu uma paz temporária na conflitosa região do Prata. Enquanto isso, Francisco Solano López, ditador do Paraguai, querendo participar com seus vizinhos o controle e sua influência na região, organizava o seu exercito, tornando o mais moderno e poderoso da America do Sul, com quase 100 mil soldados, numa população que não chegava aos 500 mil habitantes.
Para o historiador inglês Peter Lambert, a grande potencia regional era o Brasil, que possuía uma economia diversificada, uma marinha moderna e uma industrialização que encaminhava a passos largos e que, apesar de um contingente armado de apenas 17 mil homens, possuía uma população com quase 10 milhões de habitantes.
O diplomata irlandês Michael Lillis, autor do livro “Calúnia – Elisa Lintch e a Guerra do Paraguai”, cujos pareceres é favorável aos paraguaios, afirma que Solano López tentou uma aproximação com D. Pedro II e sugeriu sua união matrimonial com a princesa Isabel. Esse fato é contestado por alguns historiadores, afirmando que a procedência vulgar do caudilho, não assentava com linhagem nobre da princesa.
Detendo a posse de uma profusa quantidade terras produtivas, o ditador paraguaio sabia que, para desenvolver do seu país, seria necessário uma saída para o mar, Para isso o Paraguai teria que incorporar a seu território, a província argentina de Corrientes, parte do Rio Grande do Sul e todo o Uruguai. Aproveitando de uma questão entre o Uruguai e Brasil, Solano López ofereceu-se com mediador e foi recusado pelo governo brasileiro. Diante de tal fato o Paraguai declarou guerra ao Brasil em 13 de dezembro de 1864.
Modernos historiadores são unânimes em afirmar que se não houvesse uma agressão por parte do Paraguai, a guerra jamais teria acontecido. Foi provocado por Solano López, o qual alimentava o seu sonho expansionista e militarista de formar o grande Paraguai, que abrangeria regiões argentinas, todo o Uruguai, o Rio Grande do Sul e Parte do Mato Grosso. O conflito iniciou com o aprisionamento do vapor brasileiro Marquez de Olinda em 11 de novembro de 1864, (antes da declaração de guerra) que navegava livremente pelo Rio Paraguai, com o destino a Mato Grosso, levando o presidente brasileiro daquela província, o qual veio a falecer no cárcere paraguaio, por maus tratos.
A guerra que se seguiu foi sangrenta. O Paraguai invadiu e massacrou o sul do Mato Grosso, o qual possuía pouco efetivo para a sua defesa. Fez várias incursões em território argentino com o objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Diante das invasões, a Argentina e o Uruguai firmaram com o Brasil um acordo que ficou conhecido como a Tríplice Aliança.
O Inicio da guerra foi favorável para o Paraguai. Mais bem organizado, conhecedor do terreno e mais bem fortificado no Rio Paraguai. Depois de ter a sua marinha destroçada pelo Marquez de Tamandaré, as coisas mudaram de figura e o ditador paraguaio ficou na defensiva.
Não vamos ufanar-nos das vitórias brasileiras sobre o Paraguai e nem citar os nomes e façanhas dos nossos heróis, pois tudo isso é desnecessário, devido o conhecimento que tem todo o povo brasileiro pelos fatos ocorridos, e nos concentrar nas covardes calúnias perpetradas pelos apostatas, os quais abjurando as causas pátrias em favor das doutrinas alienígenas, tanto males causaram, e causa ainda, à sociedade brasileira.
Depois de organizar o exercito em plena guerra, o comandante brasileiro Luís Alves de Lima e Silva, mais tarde Duque de Caxias, marchou contra o Paraguai e em 01 de janeiro de 1868 Assunção foi ocupada por tropas brasileiras. Caxias considerou encerrada a sua missão. A guerra estava perdia para o Paraguai; entretanto, Solano López não entregava as suas armas e não se rendia ao exercito brasileiro, agora sob o comando do Conde D’Eu. Daí em diante começa a fase mais difícil da luta, pois uma guerra só é vencida quando o comandante em chefe se rende. Nenhum país do mundo, na história da humanidade, jamais abandonou um palco de guerra sem a rendição oficial do inimigo. Contudo, os hipócritas de ideologias retrógradas querem por a culpa de todos os males que aconteceram depois, no Império Brasileiro. Não houve genocídio e se houve massacres, a culpa foi do ditador paraguaio, que obrigava o seu povo, inclusive crianças a servir em suas fileiras, sobre pena de fuzilamento a quem desertasse. Solano López açoitou a própria mãe; chegou a fuzilar pessoas chegadas a ele, inclusive a dois irmãos. Segundo o escritor Leandro Narloch, o ditador paraguaio era um grande louco e toda a culpa do morticínio cabe a ele, pois o fratricida foi avisado, inúmera vezes, que seria respeitado. Não se entregou, vindo a ser morto na batalha de Cerro Corá em 08 de abril de 1870. O Brasil só considerou a Guerra do Paraguai encerrada com a morte do inimigo Solano López.
O número de vitimas da mortandade é muito variado. Alguns historiadores afirmam que as estatísticas da época eram muito imprecisas. Isto se deve ao fato de um costume medieval, das mulheres acompanharem seus homens à guerra, levando, às vezes, sua prole. Juntos aos soldados iam toda a sorte de negociantes e prostitutas. Mais do que nas batalhas, pereceram nas áreas conflitosa muitas pessoas vitimas de fome e epidemias. Na opinião de Júlio José Chiavenato, a população do Paraguai era mais de 800.000 habitantes. Segundo ele morreu na guerra mais de 90% da população masculina com mais de 20 anos. O número oficial de mortos na Guerra do Paraguai é de 300.000 combatentes. As forças da Tríplice Aliança eram de 200.000 brasileiros, 30.000 mil argentinos e 5.583 uruguaios perfazendo o total de 235.583 soldados, contra 150.000 soldados paraguaios. Foram mortos 50.000 brasileiros, 18.000 argentinos e 3.120 uruguaios, totalizando cerca de 71.000 mortos. Segundo a revista Nossa História, morreram na Guerra do Paraguai mais de um milhão de pessoas, entre civis e militares. A derrota marcou para sempre a História do Paraguai, que nunca se recuperou do desastre. Perdeu 40% do seu território, principalmente para a Argentina que queria sua anexação, a qual foi vetada pelo Brasil. Após a guerra, o Paraguai manteve-se sob a homogenia brasileira, tendo a sua dívida de guerra perdoada pelo Brasil em 1943. Após a guerra, Solano López veio a ser odiado pela população do seu país. A partir de 1920 teve seu nome restaurado, tornando-o o maior herói nacional, graças a uma grande campanha promovida pelos ufanistas paraguaios. O Brasil pagou caro pela vitória. Ao fim da guerra, as despesas do Império chegaram o dobro da sua receita. Em compensação, o exercito brasileiro passou a ser uma força nova e expressiva na vida nacional.

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