terça-feira, 5 de março de 2019

O Novo Carnaval.

                      Carlos Eden Meira
E o Carnaval veio. Chegou trazendo aquela alegria que sempre caracterizou a índole do povo brasileiro, que prefere “viver e não ter a vergonha de ser feliz”, como bem disse o Gonzaguinha. Ressabiadas das ridículas mensagens postadas nas tais “fake news” via internet, durante a última campanha eleitoral, as pessoas saíram às ruas para comemorar, não a vitória desse ou daquele candidato, mas a vitória da alegria de viver dos jovens, esperançosos de que o Brasil não mergulhe no horripilante poço do obscurantismo. O povo foi às ruas de coração aberto, deixando de lado o ranço dos discursos mentirosos, hipócritas e manipuladores, substituindo-o pelas músicas, o rufar dos tambores, as cores, a beleza e a força da nossa diversidade cultural.
Somos um povo que vem aprendendo a conviver com as vitórias e derrotas da vida, sem a necessidade de disseminar o ódio, a intolerância e o preconceito, como querem alguns fanáticos alucinados que berram, destilando suas pestilentas falácias nos meios de comunicação. O Carnaval foi, é, e sempre será, o contraponto em que o povo nas ruas deflagra o bom humor das críticas, a beleza, a alegria e o amor que traz dentro da alma, mostrando que fantasia e realidade convivem em paz em sublimes momentos de felicidade, ainda que sejam breves, pois, “tudo se acaba na quarta-feira” como dizia Vinícius de Morais. Já houve época em que líderes de oposição e intelectuais criticavam o Carnaval, tratando-o como uma espécie de “ópio do povo” usado pelos governos como forma de manter o povo “pacificado”. Hoje, a festa já está incorporada à “indústria do entretenimento”, beneficiando profissionais de diversas áreas: artistas plásticos, carpinteiros, mecânicos, jornalistas, técnicos da informática, além de hotéis, restaurantes, pousadas, bares e praças de alimentação, que tiram o seu sustento do que faturam com o Carnaval.
Findados os festejos carnavalescos, é preciso renovar forças para voltar à labuta diária, enfrentando os riscos a que estamos expostos, mas buscando o aperfeiçoamento dos meios de sobrevivência e conquistas sociais adquiridas ao longo dos anos, e não alimentando a sanha desesperada dos que querem alcançar o poder a qualquer custo, como fazem os “novos fariseus” que colocam o lucro acima de tudo, destruindo vidas e envenenando o meio-ambiente, como ocorreu em Mariana e Brumadinho no Estado de Minas Gerais. Quanto ao Carnaval, queremos sim muito riso, muita alegria, mas acredito que estamos cansados de ser “mais de mil palhaços no salão”.

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