terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Um Dia Diferente.

                                                                          Charles Meira


No ano de 1930, na pequena cidade de Antas, localizada entre os municípios de Cícero Dantas e Jeremoabo, no norte da Bahia, o dia permaneceu tranqüilo até próximo de 12h.
No centro da cidade, no comércio do Sr. João Félix, ele e seu empregado trabalhavam, enquanto um menino de sete anos de idade, chamado Aurelino Félix, estava sentado no colo do seu pai, o Sr. Cizino, cunhado do comerciante.
Como num piscar de olhos, aproximaram-se sete cangaceiros, todos armados até os dentes. As pessoas que estavam comprando no recinto saíram de fininho, apavorados, com medo de serem atacadas pelos homens.
Os cangaceiros fiscalizaram o ambiente e começaram a pegar utensílios e alimentos das prateleiras. Contudo foram de imediato recriminado por um deles, pedindo para não mexer em nada, pois o dono era seu grande amigo.
O Sr. João Félix cumprimentou Lampião dando-lhe as boas vindas. O Rei do Cangaço apertou a mão dele e em poucas palavras, como era de costume, pediu ao amigo para tomar um banho.
Prontamente foi atendido e levado pelo seu empregado e o filho do Sr. Cizino, à casa que ficava localizada na rua dos fundos do comércio. Chegando à casa do amigo, Lampião tirou as armas e colocou, junto com o fuzil que portava, em cima da mesa, próxima da porta do banheiro e pediu aos acompanhantes para ficar vigiando.
Terminado o banho, Lampião e outros retornaram ao comércio do Sr. João Félix, onde agradeceu pelo banho. Em seguida despediu-se de todos e saiu rapidamente com os demais para as bandas do Sítio do Quinto.
Pouco tempo depois, chegaram ao local homens de uma volante, procurando informações sobre o paradeiro de Lampião e seu cabras. O Sr. João Félix, homem experiente e acostumado a essas constantes batidas da polícia, respondeu com firmeza que eles tinham passado em frente ao seu comércio, entretanto não sabia o rumo tomado pelo bando.
Sem questionarem as palavras do Sr. João Félix, seguiram viagem. Depois do susto, a normalidade voltou a pairar no comércio do Sr. João Félix e na cidade pacata de Antas.

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