quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Projeto da UESB é premiado como Tecnologia Social Bahia Rural.

 Famílias da zona rural viram o projeto como funciona. (Foto Divulgação).
UesbVocê sabe o que são as águas cinzas e como é possível reaproveitá-las no dia a dia? A água proveniente do uso na pia da cozinha, em lavabos e no banho pode ser utilizada na irrigação em canteiros de hortaliças, por exemplo. Para isso, é necessário apenas que seja retirado o excesso de sais oriundo da utilização de sabão industrializado. Com o objetivo de viabilizar ações como essa, foi realizada a experiência “Reutilização de águas cinzas através de filtro simplificado: possibilidades para a produção agroecológica em regiões semiáridas”, vinculado ao projeto de extensão coordenado pelo professor Miro Conceição, do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia (DFZ). “Nossa equipe já desenvolvia diversas atividades na área de Agroecologia há mais de 10 anos, sempre buscando novas alternativas para o semiárido, e aí tomamos conhecimento da existência de técnicas para o uso de águas cinzas. Considerando que algumas famílias de agricultores possui apenas essa água disponível para outro uso na época seca, passamos a buscar uma forma de tornar esse resíduo disponível para a agricultura”, conta o professor. A ação foi levada a dez comunidades quilombolas de diferentes municípios do Território Sudoeste Baiano, onde a escassez de água é uma das maiores limitações para o desenvolvimento social e econômico. Participaram do projeto, as alunas de Agronomia, Mariane Duarte, e de Engenharia Florestal, Jamily Fernandes, além de estudantes de outros cursos e de professores do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep). De acordo com a discente Mariane Duarte, o curso de Agronomia foi importante para prepará-la com o ensino técnico, como o conhecimento dos processos físicos e químicos do solo e da água. “Além disso, a graduação nos prepara para pensar e definir como queremos explorar os recursos e para qual público estamos dispostos a trabalhar”, defende. Ela explica a dinâmica do projeto que foi apresentado, inicialmente, em visitas a escolas e associações das comunidades: “quando havia público menor que o esperado, visitávamos de casa em casa, convidando-os a conhecer a tecnologia. Em seguida, ministrávamos as capacitações. A execução se deu em etapas: Apresentação; Entrega de Materiais; Capacitação Compostagem e Biofertilizantes; Capacitação Filtro; Capacitação Canteiro Econômico. Fizemos no mínimo quatro visitas por comunidade atendida, sendo 14 comunidades com dez famílias atendidas em cada uma, o que totaliza um minimo de 560 atendimentos diretos”. Para a estudante, a experiência foi gratificante, pois foi possível perceber as comunidades se apropriando e se beneficiando com a iniciativa. É o que conta também a aluna de Engenharia Florestal, Jamily Fernandes. “É estar cumprindo o seu papel perante a sociedade. Além disso, essas atividades extensionistas contribuem muito para a formação profissional, pois nos colocam diante de situações em que temos que pensar e agir como profissionais. Assim, as pessoas nos veem não apenas como estudantes. Isso acrescenta muito”, reflete. Ela destacou ainda que as possibilidades de produção sustentável são valorizadas no curso de Engenharia Florestal, principalmente para os pequenos produtores que geralmente não tem muitos recursos nem fácil acesso a informações técnicas.
Reconhecimento – Em dezembro de 2018, a experiência recebeu a primeira colocação do prêmio Tecnologia Social Bahia Rural na categoria Produção. A premiação é uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado da Bahia, por meio da Coordenação Executiva de Ensino, Pesquisa e Extensão Tecnológica (Cepex), em parceria com a Rede Baiana de Pesquisa, Ensino e Extensão em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural. O Prêmio tem o objetivo de certificar tecnologias sociais com resultados aplicáveis à agricultura familiar. Para o professor Miro Conceição, projetos como esse fazem com que a Universidade participe ativamente da vida da comunidade, contribuindo para o desenvolvimento regional, e o reconhecimento gerado com a premiação ainda é uma motivação aos estudantes. “Estimula outros alunos a buscarem se integrar em pesquisa e extensão, bem como a desenvolverem seus próprios projetos durante a graduação. Na verdade, isso traz o sentimento de que também é possível conquistar aquele resultado, melhorando a autoestima e a confiança em sua opção de graduação”, define. (Ari Moura)                     

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