domingo, 10 de fevereiro de 2019

Cem anos de Wilson Novais.

                                   Carlos Eden Meira
A Prefeitura Municipal de Jequié demonstrando respeito à liberdade de expressão, cuja maior representante num país onde se deve manter obediência à sua Constituição é a imprensa, teve a feliz iniciativa de homenagear o centenário de um dos nossos maiores entusiastas do jornalismo jequieense. Trata-se do jornalista, escritor e poeta Wilson Novais, do qual apresento aqui um breve comentário sobre sua trajetória de vida.
Wilson de Oliveira Novais nasceu em Jequié, no dia 25 de outubro de 1919, data em que a cidade estava comemorando 22 anos de sua emancipação política. Amante da leitura desde os tempos de criança, Wilson ao se tornar adulto foi funcionário público, mas veio a demonstrar sua capacidade para a poesia, o jornalismo e a literatura, tendo sido um dos grandes incentivadores da imprensa local. Sendo assim, fundou em 1945 juntamente com o cunhado Eunísio Bonfim, o “Jornal Jequié” que circula até hoje na cidade, com o nome atual de “Jornal de Jequié”. Foi ainda sócio fundador da AJI – Associação Jequieense de Imprensa.
Lançou em 1977 o livro “Folhas Soltas” com o desenho da capa feito por mim, e prefácio do jornalista Eusínio Soares; livro onde estão selecionados textos e versos de Wilson, tendo sido destacado o soneto feito num período entre 1965 e 1966, “Cidade Sol”, para ser a letra do hino da Cidade, com música composta pelo maestro Alcyvando Luz. Em 1982, fui convidado por Wilson Novais Junior, para desenhar charges semanais para o “Jornal Jequié”, quando o mesmo passou a utilizar o sistema “offset” de impressão.
Wilson Novais estaria completando em outubro deste ano, um século de uma existência dedicada a Jequié, pelo amor que sentia por esta Cidade, expressado intensamente por seus poemas. Considerava-se um “Amigo da Noite”, e dessa forma, juntava-se a outros amigos poetas, jornalistas e alguns músicos, que o acompanhavam ao violão, pois, Wilson em sua juventude era conhecido como “A Voz de Veludo”, conforme contava Eusínio Soares, velho companheiro dessas andanças noturnas para “machucar os olhos dentro da noite”, como eles se referiam às citadas andanças repletas de poesia e música.
A primeira vez que vi Wilson Novais, foi no começo dos nos 50, quando meu pai, Henrique Meira Magalhães, um dos fundadores da AJI, jornalista colaborador do “Jornal Jequié”, levou-me à redação do semanário. Ali, como já havia visto na redação de “O Labor” de Jovino Astrê, tive a oportunidade de ver os jornais sendo impressos, sob as orientações de Wilson Novais e Eunísio Bonfim. Enquanto meu pai e os outros dois jornalistas conversavam, eu maravilhado observava os tipógrafos operando a impressora. Era interessante para mim ainda criança, ver aquela folha de papel branco sair cheia de letras pretas, da impressora.
Já na idade adulta, participei de algumas noitadas com Wilson Novais, Soares Neto, Eusínio Soares, Dab Astrê, João Batista Pessoa, Washington Rosa, Solon Meira, Hidelbrando Almeida (autor do poema “Ferinho”), além de outros amigos da poesia e da cerveja. Quase sempre, essas noitadas se passavam no “White Star”, mais conhecido como “O Bar de Tõe”, na Avenida Rio Branco. Wilson Novais será sempre daquelas figuras que permanecerão indeléveis, nas mentes de todos os jequieenses que tiveram a oportunidade de conviver com sua alegre, original e contagiante presença.

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