sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A Oração

                                Charles Meira
Cassiano do Areão
           Após a morte de Zezinho dos Laços, os Cauaçus tentaram a todo custo matar seu irmão Cassiano Marques da Silva.
            Num determinado dia ao entardecer, dando continuidade à caçada para eliminar o Rabudo, eles cercaram a residência de Cassiano, que ficava localizada no lado direito do rio de Contas, no povoado de Porto Alegre, que na época, aquele lado, pertencia ao município de Boa Nova. O bando dos Cauaçus contava neste cerco com uma quantidade grande de homens fortemente armados.  Da parte dos Rabudos, tinha um número pequeno de jagunços que fazia a proteção de Cassiano. O tiroteio durou várias horas, somente terminando quando a munição dos jagunços pertencentes ao bando do irmão de Zezinho acabou.
            Naquele momento de aflição, Cassiano pediu calma aos seus homens e entrou no seu quarto e começou a fazer suas orações, como sempre fazia em ocasiões de adversidades.
            Enquanto ele fazia as suas orações, o silêncio foi tomando conta do ambiente e então os jagunços perceberam que os tiros tinham cessado.
             Então Cassiano saiu do seu quarto, abriu a porta da frente da casa e notou que todos os jagunços dos Cauaçus estavam dormindo com suas armas nas mãos.
              Pedindo silêncio, Cassiano passou entre eles com  todos os seus homens e foram para outro local seguro.
             É interessante salientar que em algumas outras investidas para realizar buscas, cercos e emboscadas contra os Cauaçus, Cassiano fazia estas orações, escolhendo pedrinhas (quantidades de pedras igual a quantidade de homens)  que eram jogadas para trás, recomendando a Deus todos os seus homens que estavam saindo. Todos recomendados, voltavam sem danos.
            Além deste cerco, Cassiano foi emboscado por mais duas vezes. A primeira aconteceu entre Porto Alegre e Contendas. Num determinado local da estrada dois jagunços dos Cauaçus montaram uma emboscada para matá-lo. Cassiano foi avistado pelos homens, quando estava se aproximando sozinho no seu animal. Os jagunços que estavam em posição de fazer os disparos, repentinamente adormeceram e não concretizaram o intento, somente acordando quando Cassiano já estava muito longe daquele local.
            Na segunda tentativa, Cassiano viajava sozinho para Volta dos Meiras(Catingal) e novamente homens dos Cauaçus tentaram eliminar o Rabudo. Desta vez quando o irmão de Zezinho se aproximava do local da emboscada, e os homens preparavam para fazer os disparos. Como num passo de mágica, foram atrapalhados por uma multidão de pequenos mosquitos que impediram a visão dos jagunços, que tiveram de fugir do local, enquanto Cassiano seguiu tranquilo a sua viagem.
             Randulfo Marques da Silva,  sobrinho de Cassiano, constantemente pedia para ele ensinar-lhe as orações, contudo, sempre ficava para depois.
Perguntava também como as aprendeu. Contou que os ensinos foram passados por um velho homem  amigo da família.
            Randualfo contou também para seu filho Osmar Marque da Silva que seu tio Cassiano era um homem muito calmo e paciente. Não ia às investidas, cerco, apenas organizava e mandava seus jagunços. Não gostava de matar e andava sempre desarmado.

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