Charles Meira
Após
a morte de Zezinho dos Laços, os Cauaçus tentaram a todo custo matar seu irmão
Cassiano Marques da Silva.
Num
determinado dia ao entardecer, dando continuidade à caçada para eliminar o
Rabudo, eles cercaram a residência de Cassiano, que ficava localizada no lado
direito do rio de Contas, no povoado de Porto Alegre, que na época, aquele
lado, pertencia ao município de Boa Nova. O bando dos Cauaçus contava neste cerco
com uma quantidade grande de homens fortemente armados. Da parte dos Rabudos, tinha um número pequeno
de jagunços que fazia a proteção de Cassiano. O tiroteio durou várias horas,
somente terminando quando a munição dos jagunços pertencentes ao bando do irmão
de Zezinho acabou.
Naquele
momento de aflição, Cassiano pediu calma aos seus homens e entrou no seu quarto
e começou a fazer suas orações, como sempre fazia em ocasiões de adversidades.
Enquanto
ele fazia as suas orações, o silêncio foi tomando conta do ambiente e então os
jagunços perceberam que os tiros tinham cessado.
Então Cassiano saiu do seu quarto, abriu a
porta da frente da casa e notou que todos os jagunços dos Cauaçus estavam
dormindo com suas armas nas mãos.
Pedindo silêncio, Cassiano passou entre eles
com todos os seus homens e foram para
outro local seguro.
É interessante salientar que em algumas outras
investidas para realizar buscas, cercos e emboscadas contra os Cauaçus,
Cassiano fazia estas orações, escolhendo pedrinhas (quantidades de pedras igual
a quantidade de homens) que eram jogadas
para trás, recomendando a Deus todos os seus homens que estavam saindo. Todos
recomendados, voltavam sem danos.
Além
deste cerco, Cassiano foi emboscado por mais duas vezes. A primeira aconteceu
entre Porto Alegre e Contendas. Num determinado local da estrada dois jagunços
dos Cauaçus montaram uma emboscada para matá-lo. Cassiano foi avistado pelos
homens, quando estava se aproximando sozinho no seu animal. Os jagunços que
estavam em posição de fazer os disparos, repentinamente adormeceram e não
concretizaram o intento, somente acordando quando Cassiano já estava muito
longe daquele local.
Na
segunda tentativa, Cassiano viajava sozinho para Volta dos Meiras(Catingal) e
novamente homens dos Cauaçus tentaram eliminar o Rabudo. Desta vez quando o
irmão de Zezinho se aproximava do local da emboscada, e os homens preparavam
para fazer os disparos. Como num passo de mágica, foram atrapalhados por uma
multidão de pequenos mosquitos que impediram a visão dos jagunços, que tiveram
de fugir do local, enquanto Cassiano seguiu tranquilo a sua viagem.
Randulfo Marques da Silva, sobrinho de Cassiano, constantemente pedia
para ele ensinar-lhe as orações, contudo, sempre ficava para depois.
Perguntava também como as aprendeu. Contou que os
ensinos foram passados por um velho homem
amigo da família.
Randualfo
contou também para seu filho Osmar Marque da Silva que seu tio Cassiano era um
homem muito calmo e paciente. Não ia às investidas, cerco, apenas organizava e
mandava seus jagunços. Não gostava de matar e andava sempre desarmado.
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