sexta-feira, 13 de julho de 2018

O Presépio

                                                                       Charles Meira 
Família Meira e Brioude.
A cidade de Jequié acolheu mais uma pessoa importante e competente vinda de fora do país. Era francês e chegou aqui por volta dos anos 50, o professor Antonin Brioude, que se casou com uma bela jovem da cidade sol. A família Brioude morava na Avenida Rio Branco, um pouco acima do Colégio Padre Spínola. Durante muitos anos o professor Antonin ensinou francês em vários colégios; foi mestre de muitos amigos da época. Ficou na mente lembranças daquele homem de altura mediana, já quase careca, restando um pouco de cabelo que ele enrolava dando voltas sobre a cabeça para poder cobrir as muitas falhas existentes. Seu automóvel era um Land Rover bem conservado que fazia sucesso por onde passava. Foi ele um dos amigos mais chegados do Sr. José Barros Meira, inclusive compadre de batizado do Tomaz, o filho mais novo da  família. Mesmo depois da morte do Sr. José continuaram os laços afetivos de uma amizade familiar de longos anos.
Constantemente os meninos de Dona Maria estavam na residência de Antonin brincando com seus filhos Beto e Luiz, onde eram recebidos por todos com carinho e alegria.
Beto e Luiz Brioude
Quando chegava o mês de dezembro, próximo das festas natalinas, a freqüência deles naquele lar aumentava devido à montagem de um presépio. A movimentação para começar a fazer o presépio se dava exatamente no dia vinte de dezembro. Ocupava praticamente todos os familiares que, de uma forma ou de outra, contribuíam para a construção daquela obra de arte. A sala da frente da casa, medindo vinte e quatro metros quadrados, o espaço escolhido onde ficaria o presépio. As partes mais altas eram mantidas por um madeiramento especial de sustentação, sua espinha dorsal. Nas partes baixas, pedras de diversos tamanho davam formas aos lugares onde surgiriam cidades, lagoas e rios. Com papéis apropriados iam sendo formados os montes, montanhas, vales planícies e túneis. Com tintas de várias cores eram pintados de um jeito diferente que todos enxergavam bolinhas diversas, dando um efeito muito bonito. Da região que ficava próxima ao Rio das Contas, retiravam gramas bem verdes para serem distribuídas aonde predominava esse tipo de vegetação. Plantas e árvores pequenas cultivadas durante todo o ano faziam parte daquele harmonioso cenário. Depois de dar formas, cores e embelezar o local, o Sr. Antonin começava a colocar os materiais que eram fabricados artesanalmente com muita arte e habilidade. Com isopor, cola e tinta as casas iam sendo montadas, e com um toque de artista colocadas em locais estratégicos, de onde surgiriam as cidades, povoados e fazendas. O que chamava ainda mais a atenção dos visitantes   era   que    todas  as  residências   tinham    lâmpadas iluminando e colorindo o visual. O mundo de sonhos e fantasias tinha também um trem enorme que percorria a parte baixa, passando por túneis e pontes construídas sobre rios que cortavam os vales e campinas daqueles povoados ali formados. Tudo era verdadeiro e funcionava realmente. Tinha uma fazenda com uma casa-de-farinha com bonecos de madeira que realizavam movimentos para cortar a mandioca e mexer a farinha quando estava sendo seca. A parte elétrica era idealizada pelo professor que conhecia de tudo um pouco. Em lugar de destaque  ficava as imagens do menino Jesus, Maria, os Reis Magos, o Galo e a Estrela, tudo simbolizando o nascimento do Salvador.
O Presépio era totalmente montado no prazo de três dias.
Durante as festividades do Natal e Reis os vizinhos e moradores da cidade visitavam aquele que era um dos maiores e mais bonitos presépios da região.

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