quinta-feira, 6 de abril de 2017

Manoel Reis Barbosa (Maneca, Manequinha)

                                                Charles Meira

Manoel Reis Barbosa (Maneca, Manequinha).
Charles Meira e Maneca.
Depois de uma conversa com Maíca jogador da ADJ na década de 70, para solicitar dele um relato da sua carreira na agremiação, fui estimulado pelo meu amigo a entrevistar “Manequinha”, atleta da época que também forneceria dados importantes relacionados à história do time do Jequié. Convencido pelos argumentos apresentados por Maíca, na manhã do dia 29/03 entrevistei “Maneca” no local que funciona o seu comércio.
Da maneira mais simples possível conversei durante quase quarenta minutos com “Maneca” no interior do seu comércio e do lado de fora fiquei em pé, encostado no balcão, próximo de alguns clientes e amigos dele, sentados em volta de duas mesas existentes.  Manoel Reis Barbosa, mais conhecido por todos como “Maneca ou Manequinha”, nascido em 10/06/1947 na cidade de Jequié BA, 69 anos de idade bem vividos, iniciou o bate-papo contado que começou a jogar bola com 13 ou 14 anos nos babas que aconteciam naquela época no areão do Rio de Contas. Quando completou 15 anos de idade e sobressaindo dos demais jogadores foi convidado para atuar no time amador do Flamengo de Jequié, equipe que antigamente tinha as categorias de aspirante e juvenil. De início jogou no juvenil e em seguida foi para o aspirante, ocasião que a equipe era dirigida por Ananias, onde jogou durante um longo tempo nos campeonatos realizados nas areias do Rio de Contas.

Clube Recreativo Jequiezinho - Lando, Valdir, Geir, Carlos, Nei, Pão, Zé Souza e Valdir. Agachados: Jaime, Bomfim, Vando, Papada, Maneca e Pichica.

Anos depois passou a treinar todos os dias no estádio Aníbal Brito, local onde o time amador do Jequiezinho realizava também seus treinos, motivo principal dele mudar naquele momento para essa equipe. No Jequiezinho “Manequinha” permaneceu até o ano 1967.
Neste mesmo ano foi com Paulinho de Santa Inês, um dos melhores pontas de Jequié fazer teste no Fluminense de Feira, ocasião que a agremiação tinha jogadores como: Onça, João Daniel e Renato Setenta. Foi no juvenil do Fluminense de Feira que conheceu e fez amizade com Maíca. Paulinho voltou, pois o Fluminense não pagava. “Maneca” ficou e chegou a jogar na Seleção de Feira de Santana. Neste período retornou para passear em Jequié e pegar o restante das suas coisas e depois assinar contrato com o Fluminense de Feira, entretanto aqui chegando recebeu e aceitou uma proposta de Abreu para jogar no time amador do Vasco da Gama de Jequié, equipe presidida por Moisés Amaral e Deusdete Amaral, onde jogou até assinar contrato com a ADJ.

Vasco da Gama Esporte Clube - João Potó, Mauro, Tó, Catingueiro e Mané Barrão. Agachados: Bilu, Lourão, Venão, Maneca e Pedro Macambira.

Jogando nos times amadores do Jequiezinho e do Vasco da Gama de Jequié, “Maneca” foi convocado para a Seleção de Jequié. Contou que jogou todos os jogos contra a Seleção de Cachoeira. O Jogo que ele tem mais recordação foi aquele na cidade de Cachoeira, onde a torcida de Jequié tomou muita pancada.  Na Graça em Salvador o campo estava cheio e naquele tempo falado mesmo era Cachoeira, tinha um timão, mas fomos também com moral, não sei o que houve, jogamos mal, o time deles era bom, demos chance eles fizeram 2 x 0. Hoje ele não sabe falar o porquê de não atuarem bem no primeiro tempo. “Maneca” e Marcos eram titulares da seleção, porém na hora do jogo estavam fora do time, do banco e foram liberados para ficarem na arquibancada com a torcida do Jequié. No intervalo do Jogo vieram chamá-los. Marcos disse que não iria, “Maneca” deu a mesma resposta. Depois de eles negarem várias vezes, concordaram e foram, porém Marcos falou que somente entraria quando faltassem uns 15 minutos para terminar a partida. “Manequinha” iniciou o jogo no segundo tempo no lugar de Maíca e depois Marcos entrou no de Valmir e pediu para quando “Maneca” pegasse a bola jogasse no vazio. Com duas bolas que Marcos pegou e jogou para traz, Dilermando chegou e bateu, foi dois golaços.

Seleção de Jequié 0x0  Itapetinga - 14- 12- 1969 - Caculé, Dilermando, Tufu, Dete Leão, Maneca, Zé Augusto, João Potó, Edmilson, Carlinhos, Maíca e Eduardo Corró.

Marcos e Maneca na Seleção de Jequié.
Maneca com a faixa de campeão do Campeonato Intermunicipal de Futebol da Bahia em 1969.
Chegando aqui em Jequié foi uma festança. Waldomiro Borges fez uma recepção no Itagibá Hotel e deu um bicho para o time. O capitão Zé Augusto dividiu o premio de 50 mil ou mais para cada atleta, na época muito dinheiro. Na ocasião, o prefeito pediu que o prêmio fosse dividido para os jogadores titulares, reservas e o massagista.
Durante a campanha da Seleção de Jequié aconteceram muitos fatos interessantes na concentração nos momentos de descontração dos jogadores e “Maneca” contou inicialmente que na época quando estavam concentrados na Fazenda Provisão jogando dominó com Roque Bicudo e Dete Leão, local que tinha muitas mangas e eles pegavam as mangas, enchia sacos e mais sacos, enquanto ele jogava carteado e observava. Disfarçadamente “Manequinha” falava para os colegas que ia ao sanitário, aproveitava e pulava a janela existente, pegava as mangas dos colegas, escondia e voltava. Quando os donos iam pegar as mangas, nada de mangas, ficavam zangados e procurando quem foi o ladrão. Roque logo falava: ““Manequinha” é quem gosta de fazer estas coisas, porém daqui ele não saiu”. No dia seguinte, “Maneca” aproveitou o carro que levava os jogadores para o estádio Aníbal Brito e deixava as mangas na sua casa. Confirmando o que diz o ditado popular, “mentira tem pernas curtas”, um dia a casa caiu. Passados alguns dias, “Maneca” entregou novamente as mangas na sua casa, porém distraído não viu Dete Leão e Roque Bicudo que discordaram da atitude dele e imediatamente começaram a gritar: “encontramos o ladrão, foi você o ladrão, foi você o ladrão”. Muita gozação e muita gargalhada dos jogadores que estava no carro. Em seguida contou outro fato que aconteceu no bairro do Curral Novo na casa do senhor Moisés, pai de Cabeça, onde a seleção concentrava durante toda a semana. Neste dia os jogadores tinham comido demais, entretanto Roque Bicudo que gostava de aprontar, acordou “Maneca” e disse: “vamos à cozinha comer um bolo que “Bajara” trouxe”. Passaram na sala, onde dormiam no momento um bocado de homens e quando chegaram à cozinha Izidório estava perto dormindo, porém ele tinha um olho de vidro, então Roque gritou: “para, ele está na treita”, Roque pensou que ele estava acordado e com o grito dele Izidório acordou assustado e nós corremos, voltamos para a cama e o dirigente desconfiado que os jogadores estavam roubando merenda durante o período da noite gritou: “quem foi, quem foi” e todos acordaram, mas o ladrão de merenda não foi encontrado. No quarto disfarçadamente os procurados Roque Bicudo e “Manequinha” estavam deitados, com os olhos fechados e roncando.  


Associação Desportiva Jequié - Esquerdinha, Maíca, Tufu, Zé Augusto, Edmilson, Carlinhos e Foca. Agachados: Betinho, Chinezinho, Tanajura, Maneca e Marcos.

Após relatar estes dois fatos engraçados “Manequinha” começou a falar da formação do futebol profissional em Jequié. Contou que naquela época tinha aqui Hugo Vitamina, um excelente zagueiro que não jogou na ADJ por motivo de contusão, Roque Bicudo, outro bom zagueiro que preferiu continuar como funcionário dos Correios e Eduardo Corró, que optou prosseguir estudando Medicina.
            “Maneca” disse que escolheu a profissionalização porque gostava de jogar bola e no ano de 1970 assinou contrato com a Associação Desportiva Jequié.  Que na formação da equipe alguns jogadores ficaram disputando o Intermunicipal como: Edmilson, Dilermando, Caculé e a maior parte Jogando na ADJ. Que o primeiro técnico do Jequié foi Maneca Mesquista, depois veio Geraldo Pereira. Que Jogou desde o primeiro jogo que foi Jequié 0 X 0 São Cristovão no estádio Waldomiro Borges. Que depois ganharam todos os jogos, inclusive o Bahia por 2 X 1. Que nesse jogo não atuou, pois havia chegado Edmar que jogava no Vasco da Gama do Rio de Janeiro e Maíca foi o escolhido para continuar jogando, ficou no banco, porém era a primeira opção do meio de campo no momento de uma substituição. Que nesta época chegou também Pedro Pradera, Edson Porto e Gilson Porto. Que a ADJ concentrava na Rua Mota Coelho, perto onde hoje é a LEBRUT e no quarto ficava Maneca, Dilermando e Tanajura. Que enquanto jogavam baralho e dominó, pois não tinha televisão, Internet, Dilermando estudava para formar em medicina.
 “Maneca” contou também a história do jogo Bahia 6 X 1 Jequié em Salvador. Falou que chegaram a Salvador anoitecendo. No dia seguinte foram treinar no campo da Graça, pois a Fonte Nova não foi liberada. Quando chegaram ao local não tinha espaço para estacionar, o ônibus ficou um pouco distante. Largaram o carro aberto e o material de treino foi roubado, inclusive depois correu um boato que o Bahia havia roubado, não acredito. Tiveram que mandar comprar em Jequié, Salvador, tomou emprestado também de um time de Salvador. Foi terrível, pois todos estavam acostumados com material e tiveram que usar outro totalmente desconhecido. Não esperavam perder de 6 x 1, saíram daqui invicto, ganhamos todos os jogos em Jequié. Jogamos aberto, fomos para cima do Bahia, de igual, o estádio da Fonte Nova cheio, foi suicídio.  “Maneca” disse que atuou o jogo todo e o goleiro foi Edmilson. Que o time do Jequié Jogou com: Edmilson, Tufu, Zé Augusto, Carlinhos e Paiva. Maica, Maneca e Chinezinho. Jorge Lima, Tanajura, Dilermando e Marcos. Sorrindo disse que marcou o gol de honra e contou como aconteceu: “parou a bola no meio de campo, bola que veio de um rebote da zaga, não tinha ninguém para passar o jeito foi tirar a bola do meu pé, gol aberto, de longe, estava no bico da grande área, fora da grande área, chutou e ela pegou bem, mas antes de chegar ao gol ela picou na marca do pênalti, tomou velocidade e enganou o goleiro Renato Setenta. Nem vibrou 6 X 0, vibrar como, deixaram para outra.

Associação Desportiva Jequié - Foca, Zé Augusto, Edmilson, Carlinhos, Paiva, Maíca e Caculé - Agachados : Jorge Lima, Dilermando, Maneca, Prêto e Paim.

Igualmente como na seleção, “Maneca” contou um fato engraçado que aconteceu na concentração da ADJ. Contou que durante o tempo passado no Jequié, não ligava para dinheiro, entretanto o pagamento começou a atrasar, queria um vale, não saía vale para ninguém. A turma teve uma idéia. Maíca, Zé Augusto, Marcos e Arnor conversaram com foca e com sua permissão Dilermendo e Tanajura bolaram uma carta que continha um pedido da esposa de Foca dizendo que seus filhos estavam passando fome na cidade de Santa Luz e o dinheiro que Foca ganhava gastava todo com bebida. Foca pegou esta carta, tirou uma onda de doido, doido de mentira e começou a fazer bagunça zoada na concentração na Mota Coelho que chamou a atenção dentro da sede, gritando que queria morrer. Logo avisaram a diretoria que chegou imediatamente. Perguntaram: “o que está acontecendo?”, ”o que ele tem?”, os jogadores faziam que seguravam Foca e diziam que Foca era muito forte. Foca chorando tirou a carta do bolso e disse: “olha aqui, leiam aqui”, quando leram à carta a diretoria logo arrumou o dinheiro, apareceu o dinheiro. Foca pegou o cheque e quando foi saindo de fininho, dando uma queda de asa, mas foi seguro pelos jogadores exigiram de Foca o comprimento do trato. O dinheiro foi dividido para os seis como foi anteriormente acertado. Quando tempos depois “Maneca” contou para sua esposa, seu filho Fernando e relembra o fato para Foca eles dão muita risada.         
No término desta descontraída entrevista “Maneca” falou que o time da ADJ jogava bem demais, em 1970 ganhamos cinco partidas no primeiro turno, bastava um empate para tornamos campeões, porém perdemos para o Vitória da Conquista o pior time do campeonato de 1 x 0 no Waldomiro Borges.
“Maneca ou Manequinha” Jogou 04 anos no Jequié e parou de jogar futebol com 23 ou 24 anos de idade na ADJ e não jogou mais futebol. Nesta época, ainda bateu bola quando fundou “O Baba dos Barrigudos”, onde jogava com Bandeja, China, Toe Guelê e ou

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