Edmilson Garcia, goleiro da Associação Desportiva Jequié na década de 70. |
E. B. O – Edmilson queria que você falasse sobre a sua alegria no futebol
de Jequié, atuando no time amador do Flamengo, na Seleção de Jequié e na
Associação Desportiva Jequié.
Edmilson Garcia – Olha nossa trajetória na verdade teve início no América
de Izidório, depois o Flamengo de Maneca Sampaio e de Carlos Lopes, irmão de
Evandro Lopes. Formamos o Flamengo, fomos campeões e dele saíram à maioria dos
jogadores que formou a Seleção de Jequié que foi campeã do Intermunicipal de
1969. Em seguida a Federação Baiana de Futebol convidou o time para participar
da Primeira Divisão do Campeonato Baiano, foi como você falou, fomos
denominados de “Fantasma do Sertão”, porque fizemos uma apresentação, modéstia
parte muito boa, figuramos por várias rodadas em primeiro lugar, isso dava
muita alegria e porque não, muitas recordações.
Time Amador do Flamengo de Jequié - Em pé: Carlinho, Edmilson, Tufú, Maíca, Zé Augusto, Pascoal, Foca e Maneca Mesquita. Agachados: Bara, Tanajura, Dete Leão, Bajada, Marcos e Heráclito |
E. B. O – Edmilson, a cidade de Jequié mesmo tendo um campeonato amador
forte e uma boa seleção, tinha dificuldades para vencer a Seleção da cidade de
Cachoeira. Fale dessa e de outras rivalidades existentes na época no Campeonato
Intermunicipal.
Edmilson Garcia – É bem verdade que a Seleção de Cachoeira era muito
forte, mas também encontramos grandes adversários a exemplo de Valença,
Itapetinga, São Félix e Maragogipe, mas de fato o grande adversário nosso foi a
Seleção de Cachoeira, equipe que ganhamos em 1969 pelo placar de 3 X 2 no Campo
da Graça em Salvador, depois de estamos perdendo por 2 x 0 no primeiro tempo, mas
com uma atuação espetacular de Dilermando, Tanajura e Marcos viraram o jogo e
fomos campeões.
Seleção de Itapetinga 0 X 0 Seleção de Jequié - 14- 12- 1969 - Caculé, Dilermando, Tufu, Dete Leão, Maneca, Zé Augusto, João Potó, Edmilson, Carlinhos, Maíca e Eduardo Corró. |
E. B. O – Edmilson é verdade que naquela época os jogadores do Jequié não
recebiam salário, gratificação, atuavam de graça?
Edmilson Garcia – Todos não acredito, porque muitos precisavam, tinha
como emprego o futebol, mas eu particularmente não ganhava, raramente quando
recebia algum dinheiro, dividia com o massagista, meu amigo “Foca”, Valdo o
roupeiro e o gerente. Nunca recebi um real do time, acredito que outros colegas
também tenham feito, porém não me lembro quem, sei que pratiquei isto durante o
tempo que joguei no Jequié.
E. B. O – Edmilson é verdade que o prefeito na época, Waldomiro Borges
doou o seu salário aos jogadores da Seleção de Jequié, para premiá-los pela
conquista do Campeonato Intermunicipal?
Edmilson Garcia – Rapaz teve essa conversa, mas não me lembro de ter
recebido. Sei que o Sr. Waldomiro prestigiou muito o time com ônibus,
contratação, era um exemplo. Maneca Sampaio, Carlão, Torre grossa e Dalmar com
o ônibus e muitos outros. Há se pudéssemos hoje contar com a ajuda que
recebíamos naquele tempo dos empresários, dos comerciantes e dos torcedores. O futebol
era alegria, vibração desde os clássicos do campeonato amador nos jogos que
aconteciam entre as equipes do Flamengo X Estudante, Mandacaru X Flamengo,
contentamento transferido para a seleção e posteriormente para a ADJ. Foi uma
fase do futebol áureo que também proporcionou alegria a toda população de
Jequié.
E. B. O – Vocês lutaram e deram um título amador para nossa cidade. Como o
grande goleiro das décadas de 60 e 70 visualiza a situação no momento do futebol
amador de Jequié que há quase 05 anos não disputa o Campeonato Intermunicipal?
Edmilson Garcia – Lamentamos bastante o tempo todo, talvez pela situação atual
do País, Estado e Município que não contribui tanto quanto nos ajudou naquela
época, porém não impede, nem invalida um grupo de abnegados formarem sem muita
despesa uma equipe alegre como tivemos naquela época. De qualquer sorte,
poderia me comprometer em ajudar aos atuais dirigentes a procurar
patrocinadores para viabilizar o retorno do futebol amador de Jequié a disputar
o Campeonato Intermunicipal.
E. B. O – Edmilson conte a história daquela vitória bonita, acontecida no
jogo Jequié 2 x 1 Bahia, realizado em 22/03/1970 no estádio Waldomiro Borges.
Associação Desportiva Jequié - 1970 - Em pé: Zé Augusto, Edmilson, Carlinhos, Tufu, Maíca, Esquerdinha. Agachados: Flori, Dilermando, Tanajura, Chinezinho, Marcos e Foca. |
Edmilson Garcia – Talvez Agnaldo tenha sido uma das melhores partidas que
o time fez e minha particularmente. Teve um lance incrível: o lateral do Bahia
cruzou e deixei a bola passar, pois vinha muito alta, quando olhei o Carlinhos
junto com Sanfilippo que estava para cabecear. No momento dei um salto, fora das
minhas condições e peguei a bola de costa, lance que foi fotografado e
inclusive tenho esta foto. Foi uma tarde memorável, partida que senti muito
orgulho do time e da minha atuação individualmente. Tarde memorável repito.
Quanto ao lance do gol do Bahia feito nos acréscimos, lembro que a bola bateu
no travessão superior e depois na grama. Gerou uma confusão geral, gritos, discussão
entre os jogadores e o juiz que havia marcado o gol, falando: “a bola entrou,
não entrou”. Clinamulte Viera então disse: “o joga está acabado”, decisão que acabou
também a confusão, pois para o Jequié 2 X 1 ou 2 X 0 era a mesma coisa. Risadas.
E. B. O – Edmilson, sua mensagem para a nova ADJ, equipe que tem a missão
de conquistar a Série B e consequentemente em 2018 fazer parte da elite do
Campeonato Baiano.
Edmilson
Garcia – A mensagem é de dedicação, compromisso, comprometimento, união, fé,
coragem, determinação e boa sorte.
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