sábado, 1 de fevereiro de 2020

Futebol de Botões

                                                                                        Charles Meira

A vedete do momento entre os meninos da rua era brincar de jogar futebol de botões. Começaram com times confeccionados com material plástico bem leve, que compravam com o dinheiro da mesada nas lojas do ramo.
Tudo começou na garagem de Dona Maria, onde se reuniam no período da tarde para jogarem as partidas dos campeonatos organizados por eles. Pedro, Luiz Meira, Tomaz, Luiz Brioude, Beto e Jaime eram alguns dos jogadores que participavam dessa concorrida brincadeira. Os jogos aconteciam num clima de muita expectativa e nervosismo dos que disputavam as partidas, como também dos que no momento apenas torciam. Num determinado jogo do campeonato, o primogênito de Dona Maria que era todo esquentado, exaltou-se a ponto de brigar com Luiz Meira porque não aceitou a falta que ele queria marcar. Por isso deu um murro no compensado que servia como campo, fazendo um buraco bem no centro, deixando por várias semanas a meninada sem brincar.
                
Família Meira na residência do professor Antonin Brioude

Beto e Luiz Brioude moravam na Avenida Rio Branco, um pouco abaixo da nossa casa. Ali foi realizada uma outra etapa das brincadeiras com time de botões. Por serem incentivados por seu pai o professor de francês Antonin Brioude, um desportista e torcedor ferrenho da ADJ, um time de futebol de campo da nossa cidade, eles confeccionaram um campo de madeira bem aparelhada e mais forte permitindo que os botões deslocassem com bastante suavidade. O local dos jogos ficava no quintal da casa do professor e sua construção era um pouco rústica, pois tinham sido usadas as ripas de madeiras na sua estrutura e uma cobertura de Eternit, tudo muito simples, mas era legal aquele espaço onde realizavam os jogos.

Beto e Luiz Brioude
           
Outra novidade importante partiu dos irmãos Beto e Luiz Brioude, dois magrelos altos, de cabelos loiros, olhos claros, pele lisa e branca, cheia de pintas, mostrando a sua descendência francesa, foi a montagem de uma pequena oficina para fabricação dos novos modelos de botões. A matéria-prima utilizada foi o material retirado das janelas velhas encontradas na garagem de ônibus no bairro do mandacaru. Os botões agora tinham as cores dos seus times de preferência no Rio e São Paulo. Esse material era bem mais resistente, permitindo uma durabilidade maior e um visual bonito.
Naquele local foram realizados vários campeonatos com tabelas bem elaboradas, permitindo uma melhor organização em todas as partidas. Por bastante tempo praticaram aquele esporte ainda pouco divulgado na cidade, com a ajuda dos dois amigos da família.

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