Carlos Eden Meira
Para quem se abrem as portas
Do infinito sonhar?
Só para os gênios, ou para
Os santos?
Muitas vezes, vi a luz
Que lhes passa pelas frestas.
Mas, não me achei digno
De abri-las.
Apenas sentei-me na soleira,
Ali na penumbra, nos limites,
Na fronteira do não real.
Gritei os nomes dos deuses
De todos os templos,
E resposta não obtive
Que me convidasse a entrar.
Se gênio fosse,
Ouviria como Beethoven,
Na mais completa surdez,
A voz do universo
A lhe sussurrar música.
Ou seria como Goethe
Que ao morrer, viu a luz
Ou pedia “mais luz”?
Não sendo gênio nem santo,
Terei que, como sorrateiro
Ladrão,
As benditas portas forçar,
Ou terei que, na insignificância
Do meu ser,
Com a soleira e a penumbra
Me contentar?
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