domingo, 28 de julho de 2019

A ARTE E AS ELITES

Carlos Éden Meira
Desde os tempos mais antigos, a chamada “Grande Arte” ou as produções culturais consideradas de alto nível tendem a ser absorvidas principalmente pelas elites. Não só elites econômicas, mas, também as elites intelectuais, são as que têm maior contato com as boas obras produzidas pelos grandes artistas. De imediato, pode-se deduzir que, historicamente, fatores econômicos influenciem diretamente no assunto, devido a um custo mais elevado nas produções dos diversos segmentos artísticos desse nível. Se observarmos com mais atenção, notaremos uma contradição nesse aspecto, pois, muitos dos grandes artistas procedem das camadas mais baixas da sociedade, conforme suas biografias. Ao longo da História, muitos deles eram pobres e talentosos artistas como os músicos que tocavam nas igrejas, e que, ao serem descobertos pelos poderosos de sua época, eram por eles patrocinados; o mesmo ocorrendo com outros grandes artistas, o que demonstra em princípio, tratar-se mais de uma questão de talento, oportunidade, bom gosto e força de vontade, do que de uma questão meramente econômica. É claro que mau gosto existe em todas as camadas sociais. Tem “gente fina” que consome apenas o que está na moda e tem também, aquela história de que “gosto não se discute”.
Atualmente, em se tratando de cultura nacional, o que se pode concluir é que o consumismo imediatista tende a forçar uma imposição de valores, fazendo crer que “as massas gostam de bobagens”. A ganância de certos produtores culturais e promotores de eventos neste país, visando unicamente o lucro imediato, facilita o acesso da população de baixa renda ao lixo cultural, impondo uma falsa realidade, na qual a poder da mídia, passa-se a acreditar que o povo não entende de arte que não seja medíocre ou de baixo nível.
Além disso, não se pode negar que antigos interesses politicamente engajados, ainda influenciam, visando manter o povo mergulhado num ambiente cultural eivado de mediocridades, envolvendo-o nesse processo cujas possíveis boas raízes artísticas e educacionais, há muito tempo se perderam nas brumas do obscurantismo oportunista do consumismo. Tal procedimento mantém o povo afastado das boas produções, que por serem esclarecedoras, abrem as mentes para outra nova realidade social e política, o que impediria a manipulação das massas por líderes hipócritas e corruptos, que usam a boa fé do povo a serviço dos interesses de um sistema demagógico e retrógrado.
Daí, apenas uma minoria considerada “inofensiva” de pessoas mais esclarecidas da classe média, ou da elite econômica intelectualizada, ter o privilégio do acesso às boas produções artísticas. Ainda assim, nos últimos anos, graças aos esforços de alguns pouco idealistas, tem havido um relativo amadurecimento da cultura popular, em alguns raríssimos aspectos. No entanto, ainda há muito que mudar, mesmo que, além disso, as classes politicamente corruptas como sempre, se adaptem aos novos tempos, utilizando os modernos meios de comunicações disponíveis, para se manter no poder, usufruindo de alguns privilégios corruptamente midiáticos, que o sistema lhes proporciona.

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