Carlos Eden Meira
O jornalista e poeta Climério Keller
costuma contar, que de vez em quando, caminhando em alguns trechos da cidade,
ele de repente é inexplicavelmente arrebatado por uma espécie de “portal”,
através do qual é transportado a lugares diversos, como a cidade do Rio de
Janeiro, países como a China, Índia, as montanhas geladas da cordilheira dos
Andes, ou por regiões áridas do continente africano, por onde andou curvado
numa passagem subterrânea por milhares de kilômetros, pois não havia altura
suficiente para andar em pé. Levou muito tempo para recobrar sua postura normal
de andar ereto.
Foi arrebatado por uma estranha e enorme
ave que o levou a uma base secreta nos EUA, onde havia uma cerca eletrificada
com um cartaz, onde se lia: “NO TRESPASSING”. Nesses lugares, Climério passa
por uma série de aventuras, dignas de qualquer filme de James Bond ou de ficção
científica. Algumas pessoas que também já ouviram Climério contar suas
“aventuras” acham graça e obviamente acreditam que ele “anda sonhando
acordado”, influenciado por livros que lê ou filmes que assiste.
É um verdadeiro “viajante do
espaço/tempo”, caminhando apenas por determinados lugares da cidade e seus
arredores, onde repentinamente se abre o “portal”, fenômeno que ele costuma
descrever no seu sui generis jornal, “Um Passo”. Nessas viagens, ele mantém
contato com presidentes, reis, generais, cientistas, filósofos, celebridades
diversas do cenário mundial. Dá opiniões sobre a política internacional,
sugerindo estratégias para melhorar o mundo, através de documentos que entrega
nas embaixadas de diversos países que conheceu, atravessando os “portais”.
Às vezes, os “portais” o levam a entrar em
contato com tribos nativas de regiões desconhecidas da civilização. Mesmo
assim, ele consegue aprender a linguagem local através de algum método insólito
para traduzir tais linguagens, ainda que corra o perigo de ser devorado por
canibais. Acaba fazendo amizade com os nativos e aprendendo coisas incríveis da
cultura deles. Certa vez, me contou que já esteve numa nave espacial da NASA e
chegou a viajar para a Lua ou Marte, não me lembro bem.
Não sei até que ponto, a “realidade” e o
sonho se integram nessas narrativas do Keller, entretanto, seja o que for, são
interessantes e estimulam a imaginação das pessoas que se divertem com a
seriedade com que ele se refere a esses locais que resolvi chamar de “Portais
Climerianos”.
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