quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A Importância do Museu Histórico de Jequié.

                                                                              J. B. Pessoa

A maioria das pessoas vive a ilusão do consumo e o mundo “fashion” as absorve tão completamente que as coisas do passado tendem a ser naturalmente esquecidas, mesmo quando elas são ainda necessárias. Como em certas profissões, que se tornaram anacrônicas devido à preferência generalizada pelo novo, enquanto a antiga é visivelmente viável e economicamente mais prática. Esse tipo de comportamento é natural no mundo inteiro, exceto em países mais disciplinados, cuja população é também mais culta. Nessas sociedades o consumo é mais questionado e o respeito pelo passado é religiosamente cultivado.
Aqui em nossa cidade, essas duas tendências aparecem. Embora sendo uma minoria, muitas pessoas clamam pela preservação dos patrimônios culturais materiais e imateriais do nosso município. Gente que se esforça no sentido de contribuir, de alguma maneira, na salvaguarda da história de sua cidade, procurando resguardar e preservar objetos do passado e cultivar estudos dos usos e costumes que se perderam no tempo.


Nessa luta pela conservação da memória Jequieense, duas pessoas se destacaram pela capacidade e obstinação: o jornalista Raymundo Meira e a professora Eronildes Ribeiro Santos. Enfrentando constantes desafios e auxiliados por vários confrades, eles criaram a ASSAM - Associação dos Amigos do Museu. A ideia já era antiga. Surgiu do propósito de um grupo de jornalistas liderado por Henrique Meira Magalhães, Leonel Ribeiro de Oliveira e Adauto Cidreira. Eles tiveram contato com Braz Grillo, que guardava importante acervo sobre Jequié herdado de seu irmão Vicente Grillo. Após a morte de Brás Grillo, seu sobrinho Benito Grillo doou fotografias, jornais e documentos à ACIJ - Associação Comercial e Industrial de Jequié, presidida pelo empresário e administrador Luiz Amaral. Nessa época, alguns jornalistas, professores e artistas da terra, manifestaram interesse recíproco em criar o museu histórico na cidade. Aconselhado por Luiz Amaral, seu secretário, o jornalista Raymundo Meira, pôs em prática a ideia. Para isso contou com apoio de Henrique Meira, Leonel Ribeiro e Adauto Cidreira, que enriqueceram ainda mais o acervo doado por Benito Grillo. Como esses importantes jornalistas da sociedade jequieense já estavam em idades avançadas, Raimundo achou por bem convocar as mesmas pessoas que o haviam apoiado anteriormente, no sentido de transformar o sonho em realidade. Já havia algum tempo que a professora Eronildes desenvolvia individualmente um trabalho semelhante visando os mesmos objetivos. Conhecendo Raymundo Meira, os dois resolveram unir as suas forças e, a conselho de uma diretora do IPAC - – Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia e de um museólogo em Salvador, criaram a ASSAM. Essa entidade era composta por alguns cidadãos jequieenses e presidida por Raymundo Meira, tendo como vice a professora Eronildes Ribeiro. Juntos, trabalharam com afinco no desenvolvimento da empreitada. A batalha foi longa e penosa. Alguns oportunistas tentaram subverter o projeto, visando criar entidades paralelas, no sentido de ganhar dividendos para seus objetivos. A ASSAM foi à luta e para isso, contou com o apoio da imprensa, dos principais políticos, artistas e grande parte da comunidade jequieense.


Tendo em vista o fato do antigo Grupo Escolar Castro Alves, prédio pertencente ao Estado, estar situado no centro da cidade e corresponder a todas as expectativas para abrigar o
museu, a ASSAM pleiteou sua posse, a qual foi liberada pelo então secretário de Educação do Estado da Bahia, Edilson Freire. Depois de ampla reforma na gestão do então prefeito Roberto Brito, com a preocupação máxima de preservar a arquitetura e decoração originais, o prefeito Reinaldo Pinheiro inaugurou o museu em 19 de junho de 2006, com o nome de Museu Histórico de Jequié João Carlos Borges.


A finalidade do museu é pesquisar e resgatar a História do nosso município e localidades adjacentes que têm (ou tiveram) objetivos comuns. Coletar e armazenar os dados, baseados nos fatos, sem elaborar teses. Resgatar e colecionar fotografias, estudando as imagens e situações eternizadas por essa arte, como também preservar objetos antigos pertencentes a cidadãos que fizeram história no município.
O Museu Histórico de Jequié funcionou com sucesso sob a coordenação de Raymundo Meira, desde sua inauguração até seu fechamento na gestão da prefeita Tânia Brito. Depois de algum tempo sem funcionar, o museu reiniciou suas atividades no dia 17 de junho de 2016 pela iniciativa do atual prefeito Luiz Sérgio Suzarte Almeida, com o primeiro Seminário de Museologia de Jequié. Esse evento foi uma iniciativa do IPAC na pessoa da museóloga Ana Cristina Coelho e do Museu Histórico de Jequié, através do museólogo Antonio Varjão Matos e da Senhora Maria Lúcia da Silva Teixeira, coordenadora do espaço na época.


Somente no dia 24 de outubro de 2017, na gestão do atual prefeito e do secretário de Cultura e Turismo, Alysson Andrade, o Museu pôde contar com salas de exposição com todo o mobiliário expográfico novo e melhores condições de trabalho proporcionando um número recorde de 9.013 visitantes naquele ano. Algo grandioso para qualquer lugar do País, principalmente por se tratar de uma instituição do interior que ficou fechada durante tanto tempo. Contando com apoio de um grupo de profissionais liderados pelo museólogo soteropolitano Antônio Varjão, tendo como administradora do prédio, a senhora Jeane Freire Lima Oliveira, o Museu Histórico de Jequié vem correspondendo a todas as expectativas desejadas pela população. Este artigo teve a colaboração de Carlos Éden Meira e Antônio Varjão Matos.

Matéria editada na Revista Muito Mais - nº 15 - dezembro de 2018.


Um comentário:

  1. Aí eu estudei...
    Por um ano,era então, o Colégio Castro Alves...Foi somente um ano...anos 60.
    A minha professora, chamava_se Isabel.Foi apenas um ano que moramos nesta cidade...eu tinha oito anos de idade e foi um dos piores anos das vidas da minha família e meus.

    ResponderExcluir