terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Bob Mancada.

              J. B. Pessoa.

Era um belo tipo de homem. Alto de compleição atlética, cabelos e olhos negros, tez morena e um sorriso cativante que demonstrava uma personalidade simpática e atraente. Apesar de todos esses dotes, o rapaz fazia pouco sucesso entre as garotas de sua cidade, devido à sua fama de negligente e de pouca cultura. Notoriedade essa, que foi aumentada pelos despeitos de certos rapazes, que morriam de inveja, do jovem atraente. Ele era, constantemente, motivo de chacota por parte da turma com quem convivia, devido aos seus equívocos. Seu nome era Roberto Costa e Silva. Justamente por causa de suas gafes e por despeito de seus desventurados amigos, ficou sendo conhecido por Bob Mancada.
Uma bela noite, daquelas que a lua parecia sorrir para a cidade, uma turma de rapazes estava reunida em frente de uma residência, muito bonita, conhecida como Casa de Lomanto. Eles estavam comentando a respeito de um filme, que tinham acabado de assistir. Tratava-se de “os Reis do Iê, Iê, Iê”, primeiro filme dos Beatles a passar em Jequié. De repente, no meio da algazarra juvenil, Roberto aparece e diz com uma alegria pueril:
- Ei turma! Uma grande novidade! No sábado que vem vai ter uma festa no Tênis, em homenagem aos comerciantes, com um conjunto que tem corneta, chamado “Os Trigues”.
Silêncio Total: Todos olharam admirados para aquela figura acriançada, que ostentava um sorriso, de quem trazia uma grande novidade. Nesse momento, um adolescente arrogante, não perdeu a oportunidade de caçoar o rapaz e virou para os presentes no local, comentando com um sorriso sarcástico:
- É inacreditável o número de erros que Bob Mancada cometeu ao divulgar essa desastrosa notícia! – Rindo às gargalhadas, começou enumerar as falhas cometidas pelo rapaz:
- Em primeiro lugar a palavra é tigre e não trigue. Segundo, o nome do conjunto é “Os Panteras” e não “Os Tigres” e depois a festa é em homenagem aos comerciários e não aos comerciantes, a festa vai ser no Clube dos Cadetes e não no Jequié Tênis Clube e será um chá dançante domingo a tarde! – O garoto parou um pouco para respirar, fingindo cansaço e, emitindo um sorriso gozador, continuou:
E tem mais: o instrumento não é corneta e sim saxofone e depois Os Panteras não tem sax e sim escaleta e por último o chá dançante não será animado pelos Panteras e sim pelo “Bossa Seis” – concluiu o garoto com uma gargalhada estridente, sendo acompanhada por um coro de zombarias. Nesse momento apareceu um bêbado companheiro de Roberto, conhecido como Zé Porre, que disse aos berros:
- Por último uma porra!...Não vai ter porcaria de festa coisa nenhuma!... Os sacanas queriam que o Bossa tocasse de graça e ainda queriam cobrar ingressos dos associados. (Publicado pelo jornal Livre Arbítrio)

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