segunda-feira, 20 de agosto de 2018

O Dia das Mães.

                                J. B. Pessoa

Os velhos tempos nos parecem etéreos, por fazerem parte a nossa mocidade. Épocas de alegrias constantes, esperanças e fé no porvir. Não tínhamos sido ainda, maculados pelas desventuras, que nos acompanham ao longo de nossas vidas. Tudo era festa. As flores eram mais belas e até o sabor dos alimentos nos pareciam melhor. Estávamos no convívio harmonioso e feliz dos nossos entes queridos.
Apesar da beleza está sempre nos olhos de quem a vê, não podemos esquecer as transformações sofridas em todos os setores da sociedade. O avanço tecnológico nos forçou a um consumo, do qual nos tínhamos necessidades e, em conseqüência disso, nos obrigou a encargos, que aumentaram a labuta diária em nossas vidas, fazendo com que esquecêssemos a simplicidade de outrora. Os homens públicos perderam a compostura, a classe média empobreceu, nossa elite tronou-se mais cruel e até a Igreja acompanhou a mediocridade sofrida nas artes, se preocupando mais com as quantidades em detrimento das qualidades.
Nos anos dourados todas as festas tinham a sua peculiaridade. As mais populares, como o carnaval, São João e Natal tinham músicas próprias, características desses eventos e que, só eram executadas nos momentos propícios, dos dias em que estavam acontecendo essas festividades. Nessa época, os feriados e dias santos eram comemorados com maior intensidade. Em nossa cidade, o 13 de junho, o 2 de julho, o 7 de setembro, o 25 de outubro, o Corpus Christi, o dia dos namorados e o sábado de aleluia eram festanças, que se esperava com ansiedade. Entre tantas, uma era muito significativa e tinha uma comoção especial: O dia das mães.
O mês de maio é dedicado a Maria. Nas noites de antigamente a igreja matriz enchia-se de luzes, durante todo o mês, para rezar novenas em louvor a Mãe de Deus. No segundo domingo desse mês se comemora o dia das mães. Esse dia era repleto de emoções. Logo pela manhã, missas eram rezadas pelo saudoso Padre Climério Andrade, que eram assistidas pelas mamães, acompanhadas pelos seus filhotes, alguns dos quais displicentes, merecendo alguns beliscões. O almoço daquele domingo era especial, com toda família reunida em torno da mamãe, a qual recebia da filharada, os preciosos presentes e cartões, ouvindo músicas especiais no radio pela emissora local, assim como as crônicas do jornalista Fernando Barreto, na voz do radialista Geraldo Teixeira.
Durante todo esse especial dia, os serviços de alto falantes, da “A Voz da Cidade” e a “Voz do Sudoeste”, executavam gravações de artistas famosos, cantando em louvor às mães. As mais bonitas eram “Mãezinha Querida” e “Rainha do Lar”, interpretada pela cantora Ângela Maria, que enchia de encantamentos aqueles dias maravilhosos. À tarde as famílias se reuniam no teatro da casa paroquial, para assistirem seus rebentos declamar poesias e alguns talentosos cantar e tocar piano. À noite, depois da novena rezada em louvor às mães jequieenses, iam todos dormir, sonhando com um porvir repleto de felicidades. (J. B. Pessoa) Texto publicado pela revista O Trabróide N.31 Maio/2008.

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