Charles Meira
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Capa do CD "Viva por Fé". |
Depois
de receber da Coelba uma devolução em dinheiro referente a um seguro, Charles
passou a pensar em começar um novo trabalho musical. Com a inauguração do
estúdio de gravação WH, de propriedade de Edvando Pereira, aqui em Jequié,
ficou animado para aplicar o dinheiro recebido na gravação de um novo CD. Mesmo
contra a vontade de sua esposa, continuou com a ideia. Conversou com Wando do
desejo de fazer uma gravação com músicos da nossa terra. Acertaram os detalhes
financeiros, ficando um preço módico. Chegaram a gravar três canções. O cantor
analisou demoradamente a fita e resolveu não continuar. Achou que a qualidade
estava muito inferior ao disco anterior, mesmo sabendo que o estúdio poderia
fazer gravações de alto nível.
Em julho de 1996, foi cantar em São Paulo,
convidado por Agnaldo Nery, presidente da mocidade da Igreja Batista Vila
Industrial. Teve a satisfação de conhecer pessoas maravilhosas naquela igreja;
uma delas foi o irmão Francisco, com quem fez uma forte amizade. Um dia quando
almoçavam na residência dele, ficou sabendo que o amigo estava escrevendo uma
letra sobre o seu testemunho de conversão. Acertaram que o escrito seria
enviado para Jequié quando estivesse pronto, para Charles e Agamenon compor a
melodia. Conversaram também na possibilidade de fazer outro CD, agora com
composições inéditas. Dias depois de ter chegado a Jequié, recebeu a letra.
Depois de algumas modificações fizeram a melodia da música, que posteriormente
foi por Francisco aprovada. Por várias vezes fez contatos com o amigo paulista
e o assunto da gravação era sempre ventilado. O seu desejo continuava o mesmo,
mas não tinha o dinheiro. Estava devedor no banco, referente a um empréstimo
contraído para pagar débitos, e o que ganhava na Coelba só dava para as
despesas da família. Motivado pela demonstração de fé de Francisco, resolveu
escrever uma carta para o amigo, deixando claro que o CD somente seria gravado
se tivesse uma ajuda financeira. Não demorou, Francisco ligou dando a resposta.
O amigo contou que estava com alguns compromissos para pagar e sua esposa
estava perto de ganhar mais um filho, motivo que o faria contrair novas
despesas. Ainda assim, Francisco continuou afirmando que o CD seria gravado. No
momento que Charles falava com seu amigo pelo telefone, se sentou no chão, ouviu
tudo atentamente, sentindo emoção e chorava, devido à firmeza, paz e fé passada
nas suas palavras.
Quando Charles estava perto de tirar férias da empresa,
novamente recebeu uma ligação de Francisco, dizendo que havia conhecido um
maestro, o qual faria a gravação do CD por um preço melhor. Alertou o amigo
para fazer o trabalho com pessoas com mais experiência. Através de Nando
Menezes, cantor evangélico, Charles teve ótimas informações da gravadora RDE, a
mesma que ele tinha feito o seu recente CD. Ligou para o proprietário do
estúdio, pedindo informações do preço e passou para Francisco analisar. Depois
de manter contato com a RDE, o amigo respondeu que havia pagado a metade do
valor referente à parte do estúdio, e o restante Charles teria que assumir.
Contagiado por tanta fé, aceitou o desafio. No mesmo dia gravou a fita com
violão e voz e enviou para a RDE. As composições escolhidas eram de sua
autoria, Edelício, Tomaz, Agamenon e Francisco, que iniciava a sua carreira de
compositor. Depois o cantor procurou algumas pessoas amigas, irmãos em Cristo e
com os quais levantou o dinheiro que restava para pagar à gravadora.
Em seguida
foi para São Paulo e no período de 7 a 15/01/1997 o CD foi gravado. Retornou
para Jequié antes da data marcada, pois sua filha Isabella estava doente, o que
deixou Charles muito preocupado. Aqui chegando, passou a pensar o que fazer
para conseguir o dinheiro para a fabricação dos CDs. Orava todos os dias
pedindo ajuda de Deus para poder terminar o trabalho. Passou a procurar
comerciantes interessados em anunciar sua firma no encarte do CD, entretanto as
dificuldades eram inúmeras; de uma resposta positiva dez eram negativas. Um dos
comerciantes que ficou de colaborar com uma quantia significativa desistiu, o
que deixou Charles muito triste. Ligou para Francisco contando o ocorrido e,
para minha surpresa, ele deu uma risada e disse que tinha uma boa notícia. Contou
que tinha conseguido outro patrocínio com um amigo de São Paulo, demonstrando que
a providência de Deus estava acontecendo.
Em abril de 1997, o cantou mandou
fazer a segunda parte do CD. Durante a fabricação do CD tudo aconteceu
normalmente e no dia 15 de julho de 1997 os CDs ficaram prontos e saíram num
vôo da VARIG, com destino à Salvador. No dia 17 daquele mês ligou para a VARIG
para saber quem transportaria os CDs para Jequié. O empregado da empresa
respondeu que a mercadoria estava apreendida na fiscalização do aeroporto, pois
Charles não tinha inscrição Estadual, e para liberar teria que pagar uma multa
de R$290,00. Assim foi feito, a mercadoria foi liberada, entregue à
transportadora Águia Branca e no dia 21 de julho de 1997 os CDs chegaram a
Jequié.
Charles deu uma pausa no relato e fez um agradecimento especial ao
irmão em Cristo Gilberto Brandão, técnico de som, que com muita paciência,
dedicação e eficiência faz instalação, conserta e controla o som em todas as
apresentações realizadas durante a sua carreira artística. Prosseguido contou que
no dia 22 de julho de 1997, com a permissão de Deus o CD “Viva por Fé” foi
lançado na Igreja Batista de Jequiezinho, com grande festa de agradecimento ao
Senhor Jesus Cristo.
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Paulinho Andara (regência e arranjos), maestro do CD "Viva por Fé" no estúdio RDE em São Paulo. |
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Leia, Roby e Nisia, vocal do CD "Viva por Fé".
Maria Letícia da Silva Meira e Charles Meira. |
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Cantor evangélico Charles Meira. |
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Charles Meira e o pastor Júlio de Santana. |
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Igreja Batista de Jequiezinho. |
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Hércules Alves Meira e Charles Meira. |
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Cantor evangélico Charles Meira. |
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Darcy Nogueira e Charles Meira. |
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Cantor evangélico Charles Meira. |
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Charles Meira e Gilberto Brandão. |
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Igreja Batista de Jequiezinho. |
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Charles Meira e Lúcio Teixeira. |
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Charles Meira e Irineu Oliveira. |
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Heleno Pereira e Charles Meira.
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* Texto editado no livro Cantar, Cantar, Cantar, lançado no ano de 1998.
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