segunda-feira, 23 de abril de 2018

Ao Mestre com Carinho


                                              Charles Meira
                                                                            
Cartun Carlos Eden
  
    
            No dia 16 de agosto, às 12h, estava vendo no computador notícias na internet, e, ao mesmo tempo, ouvindo no meu rádio de pilha o programa “Comando 93” na Rádio 93 FM, apresentado por Wilson Novaes.      No término de uma entrevista, ele deu uma pausa e disse que infelizmente tinha uma notícia triste para informar aos ouvintes. Fiquei na expectativa. Wilson falou que era com muito pesar que comunicava a morte do radialista Geraldo Teixeira, ocorrido naquela manhã no Hospital Santa Isabel, na capital do estado.
            Naquele momento, fiquei todo arrepiado e bastante emocionado. Compartilhei a notícia com minha esposa, e disse a ela da minha tristeza pela morte do meu amigo.
            De imediato, começou a passar na minha mente um videotape dos momentos que marcaram a minha vida cantando, e junto à figura de Geraldo, que teve uma participação significativa no início da minha carreira musical.
            Manhã de domingo. Ansiedade, nervosismo, expectativa! Vai começar mais um programa Festival dos Brotos. Eram assim, os momentos que antecediam as apresentações de uma criança que sonhava ser um cantor famoso.
            Com alegria, lembro-me daquela época em que Jequié tinha, de fato, um lazer de qualidade. E é bom salientar, sempre freqüentado por um público formado de pessoas pertencentes a todas as classes sociais. (Revista “Em Foco “Abril 2003).
            Lembrei-me do lançamento do meu livro Cantar, Cantar, Cantar, que relata 37 anos da minha vida cantando. Minha alegria ficou completa quando visualizei Geraldo Teixeira sentado no banco da Igreja Batista de Jequiezinho, atendendo o meu convite para participar daquela festa.
            Na mesma época, em Jequié, a Rádio Bahiana organizou um programa de auditório que era levado ao ar aos domingos pela manhã no Cine Teatro Jequié, e tinha como apresentador o radialista Geraldo Teixeira. O programa tinha muitas brincadeiras, prêmios, calouros, valores da terra e a participação do auditório. Geraldo era um locutor animado, experiente e dominava o público, o qual participava ativamente. Sempre que era possível eu e Tomaz meu irmão ia assistir ao ensaio do programa na Rádio Bahiana. Em um deles Geraldo nos convidou para participar da programação, mesmo sem inscrição. O que ele previa era uma disputa entre irmãos naquele domingo. Não deu outra, ficamos na final. Eu cantei a música “Eu daria minha vida” sucesso do momento interpretada por Martinha. Tomaz cantou uma música bastante animada cujo nome não lembro. Sei que agradou ao público. O julgamento era feito pelo auditório através de palmas. Houve empate duas vezes, e como teria um vencedor, Geraldo pediu para que as palmas fossem repetidas: a vitória ficou para meu irmão. (“Livro Cantar, Cantar, Cantar” lançado em 1998).
            Lembrei-me também de uma crônica que escrevi em abril de 2006 para o Informativo Cultural “Outro Papo”, intitulada “No túnel do Tempo”.
            Parado em frente ao antigo Grupo Escolar Castro Alves, contemplei uma cena deprimente, que partiu o meu coração. No outro lado da rua, operários derrubavam as paredes daquele espaço que marcou um belo período da minha infância. Pensei em aproximar para presenciar detalhes do que estava acontecendo, porém o impacto foi tão grande que não tive coragem. Do lado de fora, entrei por instantes no túnel do tempo, e passei a lembrar de memoráveis momentos vividos naquele local por nós jequieenses.
            Diversão, alegria, era o que acontecia nas manhãs de domingo no Cine Teatro Jequié. O Locutor Geraldo Teixeira anuncia o calouro infantil Charles Barros Meira. Assim como eu, muitos outros conterrâneos tiveram a satisfação de participar do Programa Festival dos Brotos. Cantando, apresentando, julgando, tocando, gritando, eles faziam parte de uma multidão que semanalmente lotava as quase 1500 cadeiras do Cine Jequié.
                Outra Lembrança foi do dia em que ele completou 80 anos de idade. Tive o privilégio de ser convidado e ter ido compartilhar daquele momento de alegria de Geraldo, sua família e seus amigos.
            Levei para o aniversariante dois CDs e um DVD, gravações mais recentes do cantor evangélico Charles Meira, que aos 13 anos de idade foi lançado por ele no programa Festival dos Brotos. Momentos felizes passamos naquela noite.
            Última lembrança.
            Saudades!

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