Charles Meira
No
dia 16 de agosto, às 12h, estava vendo no computador notícias na internet, e,
ao mesmo tempo, ouvindo no meu rádio de pilha o programa “Comando 93” na Rádio
93 FM, apresentado por Wilson Novaes. No
término de uma entrevista, ele deu uma pausa e disse que infelizmente tinha uma
notícia triste para informar aos ouvintes. Fiquei na expectativa. Wilson falou
que era com muito pesar que comunicava a morte do radialista Geraldo Teixeira,
ocorrido naquela manhã no Hospital Santa Isabel, na capital do estado.
Naquele
momento, fiquei todo arrepiado e bastante emocionado. Compartilhei a notícia
com minha esposa, e disse a ela da minha tristeza pela morte do meu amigo.
De
imediato, começou a passar na minha mente um videotape dos momentos que
marcaram a minha vida cantando, e junto à figura de Geraldo, que teve uma
participação significativa no início da minha carreira musical.
Manhã
de domingo. Ansiedade, nervosismo, expectativa! Vai começar mais um programa
Festival dos Brotos. Eram assim, os momentos que antecediam as apresentações de
uma criança que sonhava ser um cantor famoso.
Com
alegria, lembro-me daquela época em que Jequié tinha, de fato, um lazer de
qualidade. E é bom salientar, sempre freqüentado por um público formado de
pessoas pertencentes a todas as classes sociais. (Revista “Em Foco “Abril
2003).
Lembrei-me
do lançamento do meu livro Cantar, Cantar, Cantar, que relata 37 anos da minha
vida cantando. Minha alegria ficou completa quando visualizei Geraldo Teixeira
sentado no banco da Igreja Batista de Jequiezinho, atendendo o meu convite para
participar daquela festa.
Na
mesma época, em Jequié, a Rádio Bahiana organizou um programa de auditório que
era levado ao ar aos domingos pela manhã no Cine Teatro Jequié, e tinha como
apresentador o radialista Geraldo Teixeira. O programa tinha muitas
brincadeiras, prêmios, calouros, valores da terra e a participação do
auditório. Geraldo era um locutor animado, experiente e dominava o público, o
qual participava ativamente. Sempre que era possível eu e Tomaz meu irmão ia
assistir ao ensaio do programa na Rádio Bahiana. Em um deles Geraldo nos
convidou para participar da programação, mesmo sem inscrição. O que ele previa
era uma disputa entre irmãos naquele domingo. Não deu outra, ficamos na final.
Eu cantei a música “Eu daria minha vida” sucesso do momento interpretada por
Martinha. Tomaz cantou uma música bastante animada cujo nome não lembro. Sei
que agradou ao público. O julgamento era feito pelo auditório através de
palmas. Houve empate duas vezes, e como teria um vencedor, Geraldo pediu para
que as palmas fossem repetidas: a vitória ficou para meu irmão. (“Livro Cantar,
Cantar, Cantar” lançado em 1998).
Lembrei-me
também de uma crônica que escrevi em abril de 2006 para o Informativo Cultural
“Outro Papo”, intitulada “No túnel do Tempo”.
Parado
em frente ao antigo Grupo Escolar Castro Alves, contemplei uma cena deprimente,
que partiu o meu coração. No outro lado da rua, operários derrubavam as paredes
daquele espaço que marcou um belo período da minha infância. Pensei em
aproximar para presenciar detalhes do que estava acontecendo, porém o impacto
foi tão grande que não tive coragem. Do lado de fora, entrei por instantes no
túnel do tempo, e passei a lembrar de memoráveis momentos vividos naquele local
por nós jequieenses.
Diversão,
alegria, era o que acontecia nas manhãs de domingo no Cine Teatro Jequié. O
Locutor Geraldo Teixeira anuncia o calouro infantil Charles Barros Meira. Assim
como eu, muitos outros conterrâneos tiveram a satisfação de participar do
Programa Festival dos Brotos. Cantando, apresentando, julgando, tocando,
gritando, eles faziam parte de uma multidão que semanalmente lotava as quase
1500 cadeiras do Cine Jequié.
Outra
Lembrança foi do dia em que ele completou 80 anos de idade. Tive o privilégio
de ser convidado e ter ido compartilhar daquele momento de alegria de Geraldo,
sua família e seus amigos.
Levei
para o aniversariante dois CDs e um DVD, gravações mais recentes do cantor
evangélico Charles Meira, que aos 13 anos de idade foi lançado por ele no
programa Festival dos Brotos. Momentos felizes passamos naquela noite.
Última
lembrança.
Saudades!
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