Charles Meira |
Associação Desportiva Jequié - 1970 -
Em pé: Zé Augusto, Edmilson, Carlinhos, Tufú, Maíca e Esquerdinha. Agachados:
Fleury, Dilermando, Tanajura, Chineizinho, Marcos e Foca.
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Nesta matéria conto a admirável história da
Associação Desportiva Jequié, “ADJ”, “Jequéqué´”, nome carinhoso dado pelo
radialista França Teixeira, “Jipão”, “Jequié”, o time do coração da população
de Jequié, equipe com 46 anos de fundada e 20 que não disputava o Campeonato
Baiano de Futebol da Primeira Divisão. Relato também fatos importantes através das
matérias de Jornais da época, depoimentos de jogadores e de pessoas ligadas ao
futebol da Cidade Sol.
Jornal de Salvador - BA na época.
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Tudo
começou, quando “um grupo de desportistas locais esteve reunido na sede da Liga
Desportiva de Jequié no último dia 28, oportunidade em que foram tratados
diversos assuntos relativos à criação de um time profissionais que
representaria esta cidade no próximo certame Estadual da Bahia. Ouvidas as
sugestões de todos os presentes, ficou determinada a fundação da Associação
Desportiva Jequié, tendo sido eleita a sua primeira diretoria, que ficou assim
constituída: Presidente de Honra – Prefeito Waldomiro Borges de Souza; Presidente
da Diretoria – Dr. Milton de Almeida Rabelo; Vice Presidente – Dr. Nelson
Moraes da Silva; Secretário – Gildélito Ferraz; Tesoureiro – Romil Navarro de
Araujo; Chefe de Departamento de Futebol – Evandro Lopes da Silva; Chefe de
Relações Públicas – Eutimio Oliveira Almeida; Consultor Jurídico – Dr. Fernando
Steiger Tourinho de Sá; Departamento Médico – Dr. José Mário Benevides. No dia
imediato a diretoria eleita iniciou seus trabalhos, procurando organizar todos
os papéis para inscrição da ADJ, que decididamente estará no Baianão 70.” (
Matéria editada em jornal de Salvador – BA)
O jornal A TARDE relata também que “depois de esperar por alguns anos, afinal, o futebol Jequieense irá participar do campeonato baiano profissional, estreando no próximo domingo (18/01) contra o São Cristovão, no estádio Municipal Valdomiro Borges, nessa cidade sobre a mais intensa expectativa dos desportistas locais e das cercanias.
Jornal A TARDE - Quinta-feira, 15 de janeiro de 1970. |
O jornal A TARDE relata também que “depois de esperar por alguns anos, afinal, o futebol Jequieense irá participar do campeonato baiano profissional, estreando no próximo domingo (18/01) contra o São Cristovão, no estádio Municipal Valdomiro Borges, nessa cidade sobre a mais intensa expectativa dos desportistas locais e das cercanias.
Em depoimento dado a Charles Meira para a
Revista Cotoxó em 2017, Evandro Lopes, Cronista Esportivo e abnegado do futebol amador e
profissional de Jequié nas décadas de 60 e 70 fala também do assunto.
Evandro falou que após a conquista do Campeonato
Intermunicipal começou a criar um espírito de profissionalismo na comunidade
Jequieense e que aquela seleção poderia ser o time e realmente foi, entrou
apenas Chinezinho, que veio do Fluminense de Feira, que era veterano e foi
fazer o meio campo com Maíca e Betinho na ponta direita e relatou como começou
a Associação Desportiva Jequié.
Fizeram inicialmente uma reunião para
formação da diretoria no escritório da Líder Automóveis, pois seu irmão era o
dono da empresa e ele trabalhava no escritório. Depois teve outra reunião no
Rotary com aproximadamente 15 pessoa, entre elas estavam: Evandro Lopes, Carlos
Lopes, Maneca Sampaio, Deusdete Amaral e seu irmão, o gerente do Banco
Econômico e “Vaqueiro”, para consolidação do time. Foi escolhido o nome
Associação Desportiva Jequié e as cores azul, amarelo e branco. Foi convidado para dirigir a equipe o técnico
Maneca Mesquita, que não aceitou, e então se buscou um treinador de Feira de
Santana. Formou-se um time muito forte, voluntarioso e chegou a liderar o
Campeonato Baiano de 1970.
“Vaqueiro” e Charles Meira.
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“Vaqueiro”, o torcedor símbolo do Jequié falou
para Charles Meira, que na época também contagiado com a vitória da nossa
seleção, participou no dia 20 novembro de 1969 da reunião no Rotary de Jequié,
junto com diversos abnegados do nosso futebol amador, que fundou o time de
Jequié com o nome de Associação Desportiva Jequié e escolheu também as cores:
Azul, Amarelo e Branco da camisa. “Argeo
relatou que dos participantes da reunião somente ele e Evandro Lopes estão
vivos.
História da criação do escudo da
Associação Desportiva Jequié.
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Na mesma época da fundação do time foi
criado o escudo da Associação Desportiva Jequié, entretanto somente em 2017
fiquei sabendo através do meu amigo Robert Brioude (Beto) filho do Antonin Emilien
Louis Brioude, detalhes da história.
Contou-me
que foi um participante da escolha da arte final (teve que escolher três dos
cinco que seu pai o Professor Filósofo Artista Plástico Antonin Emilien Louis
Brioude, o professor Antonem, tinha esboçado para entregar a seus amigos os
quais tinham feito a encomenda. O que ganhou também foi o preferido dele.
Placar - Revista Semanal Esportiva da
Editora Abril - Número 9 - 15 de maio de 1970.
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Através desta matéria da revista Placar, o
time do Jequié ficou conhecido nacionalmente. “O Jequié, até o dia 3, tinha
ganho do Botafogo por 5 a 0, do Leônico por 2 a 1, do Monte Líbano por 4 a 2,
do Ideal por 3 a 1, do Bahia por 2 a 1, do Feira de Santana por 3 a 0 e do
Redenção por 2 a 0. Como é possível um time formado há apenas seis meses, com
jogadores amadores e inexperientes, ganhar tanto assim e ameaçar tirar a glória
do Bahia, o velho rei do futebol baiano? A explicação pode estar na raça e na
juventude do seu time.
O Jequié quase não tem história porque sua
vida é de apenas seis meses: quase não tem fama porque sua luta principal ainda
é mostrar que existe: apenas de tudo isso, a Associação Desportiva Jequié
talvez seja a única coisa boa do futebol baiano deste ano, capaz de salvá-lo do
perigoso caminho da indiferença, feito por uma série de crises. A última nasceu
no fechamento do Estádio da Fonte Nova, para ampliação e conclusão, que obrigou
à realização do todos os jogos da capital no Campo da Graça, pequeno sem
conforto, sem segurança. As consequências foram a queda das rendas, a pobreza
dos clubes e um futebol - sem alegria no Campo da Graça é impossível jogar um
bom futebol. O gramado é muito ruim.
O campeonato Baiano só brilha quando o
Jequié está em campo. Até o dia 3, ele tinha feito treze jogos: ganhou sete,
empatou cinco, perdeu apenas um (Conquista, 1 x 0.) Fez 25 gols, levou dez. No
balanço e na soma, o Jequié fez muito mais que todos esperavam. Ele entrou no
Campeonato quando seu estádio para 20 000 pessoas foi aprovado pela Federação
Baiana, que também consentiu que um time da cidade participasse do torneio. Mas
o problema era que não existia nenhum time profissional em Jequié. Só existia a
seleção amadora que venceu o Torneio Intermunicipal de 69, tirando o título que
o Cachoeira tinha há dois anos. Então os diretores da seleção amadora passaram
a ser diretores de um time profissional, e os jogadores passaram a receber
salário e a vestir um uniforme amarelo e azul. Pronto, nascia o Jequié:
Edmilson, Caculé, Carlinhos, Zé Augusto e Esquerdinha. Chinezinho e Maíca.
Flori, Dilemando, Tanajura e Marcos. Apenas o armador Chinezinho veio de fora,
emprestado pelo Fluminense de Feira de Santana. Em média o salário fixo de cada
um é de 200 cruzeiros por conta do clube. Mas, por fora, cada titular recebe
100 ou 200 cruzeiros, dependendo do dinheiro conseguido entre diretores e
torcida. E, nas grandes vitórias, como os 2 X 1 contra o Bahia, o bicho pode
ser até de 200 cruzeiros. O técnico é Geraldo Pereira, pernambucano, e antigo
quarto-zagueiro do Fluminense de Feira, onde continua como auxiliar. Geraldo
foi emprestado, seu salário é de 1 000 cruzeiros novos e o Jequié é o seu
orgulho: - O Jequié foi a minha grande chance no futebol, há muito tempo eu
esperava por isso. Além do mais, a turma é boa, são jogadores novos que não dão
trabalho fora do campo.
As rendas em Jequié dão em média 5 000
novos. Mas a diretoria sempre consegue vender ingressos por preços superiores
ao da tabela. A diferença fica para o clube. Nas outras cidades a renda
aumenta, graças à boa campanha. Tudo ia bem para o Jequié. Mas agora com sua
boa posição no Campeonato, começaram a aparecer problemas que sua diretoria nem
havia imaginado. Um deles é o artilheiro Tanajura, que ameaça sair para
trabalhar em Alagoas, como chefe do departamento de pessoal de uma empresa de
petróleo, ganhando 800 novos por mês. O Jequié, como não quer perdê-lo,
ofereceu 600. Pode ser que Tanajura fique. Tanajura, rapaz de 22 anos, chute
forte e muita valentia (principalmente dentro da área), divide o título de
melhor jogador do Jequié com o goleiro Edmilson, o zagueiro Carlinhos e os
atacantes Dilermando e Marcos, todos com menos de 23 anos. Dilermando é
estudante de medicina, está no terceiro ano de faculdade em Salvador e só vai a
Jequié um dia ou dois antes de cada jogo. Ele sai de Salvador pele Rio - Bahia,
e depois de 350 quilômetros chega a uma cidade de 70 000 habitantes, conhecida
como “Terra do Sol”, orgulhosa por seu time ter constado de rodada experimental
da Loteria Esportiva: Jequié.” (Carlos Libório)
Alguns depoimentos de Jogadores, Massagista e Técnico da Associação Desportiva Jequié.
Besouro |
Dilermando |
Foca |
Maneca |
Paulo Sales
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Nesse momento repentinamente “Besouro”
começou a chorar copiosamente como chora uma criança quando está com fome.
Ficou muito emocionado e tivemos que parar a entrevista por alguns minutos para
ele lavar o rosto e recuperar da emoção. Passados alguns minutos, sentou e
disse que no tempo que jogavam bola eram felizes e não sabiam. Que a ADJ
divulgou a cidade de Jequié em todo o Brasil, na década de 70, época que tinha
a Loteria Esportiva. Que o Jequié foi convidado para jogar em Tacoma Parque nos
Estados Unidos, Infelizmente o jogo não deu certo. Que a historia do Jequié é
essa e quem construiu foi esse grupo, sem eles não teria a ADJ. Encerrou a
conversa dizendo que Jogou na ADJ até 06 de novembro de 1972, época que teve
problema no joelho e deixou de jogar futebol. (Antônio Fernando Oliveira)
O melhor técnico para mim foi Maneca
Mesquita, uma pessoa adorada, capaz, muito gente boa, tratava a gente como um
filho. Companheiro de campo realmente
foi Tanajura, porque é o meu conterrâneo, jogávamos juntos desde pequenos lá em
Paramirim – BA. (Dilermando Neves Martins)
Mantendo o clima de alegria prevalecido
durante toda a entrevista, “Foca” falou também do tempo da Associação
Desportiva Jequié. Inicialmente citou os
presidentes Dr. Nelson Morais, Marialvo Meira, Dr. Gerson Pelegrini, Jonas
Almeida, os Médicos Gilson, Gileno Fonseca, Roberto Brito, pessoas que eram
muito boas para o Jequié, os jogadores Maíca, Tufu, Zé Augusto, Carlinhos,
Dilermando, Tanajura, Paiva, Edmilson um relaxado que gozava com a cara de
todos, mas era uma pessoa muita atenciosa. Segundo “Foca”, no momento da
massagem o mais descarado era “Maneca”. Risadas. Que era sem vergonha, queria
tomar massagem totalmente nu, moleque o rapaz. Gargalhadas. Gostava de fazer
resenha, um vagabundo. Gargalhadas. Quando “Foca” precisava de alguma coisa os
jogadores estavam presentes, todos o respeitavam e gostavam dele. Na sede na Mota
Coelho os jogadores do Jequié na época formavam uma família, comandada pelo
primeiro técnico do Jequié Maneca Mesquita que também morava no local. (Valter Gomes de Santana)
Igualmente como na seleção, “Maneca” contou
um fato engraçado que aconteceu na concentração da ADJ. Contou que durante o
tempo passado no Jequié, não ligava para dinheiro, entretanto o pagamento
começou a atrasar, queria um vale, não saía vale para ninguém. A turma teve uma
idéia. Maíca, Zé Augusto, Marcos e Arnor conversaram com foca e com sua
permissão Dilermendo e Tanajura bolaram uma carta que continha um pedido da
esposa de Foca dizendo que seus filhos estavam passando fome na cidade de Santa
Luz e o dinheiro que Foca ganhava gastava todo com bebida. Foca pegou esta
carta, tirou uma onda de doido, doido de mentira e começou a fazer bagunça
zoada na concentração na Mota Coelho que chamou a atenção dentro da sede,
gritando que queria morrer. Logo avisaram a diretoria que chegou imediatamente.
Perguntaram: “o que está acontecendo?”, ”o que ele tem?”, os jogadores faziam
que seguravam Foca e diziam que Foca era muito forte. Foca chorando tirou a
carta do bolso e disse: “olha aqui, leiam aqui”, quando leram à carta a
diretoria logo arrumou o dinheiro, apareceu o dinheiro. Foca pegou o cheque e
quando foi saindo de fininho, dando uma queda de asa, mas foi seguro pelos
jogadores exigiram de Foca o comprimento do trato. O dinheiro foi dividido para
os seis como foi anteriormente acertado. Quando tempos depois “Maneca” contou
para sua esposa, seu filho Fernando e relembra o fato para Foca eles dão muita
risada. (Manoel Reis Barbosa)
Sales conta que está satisfeito no Jequié,
pois devido à boa estrutura e a eficiente logística atual tem possibilitado a
equipe realizar com êxito uma bela campanha no Campeonato Baiano da Série B.
Segundo Sales o Jequié não é o melhor, porém tem hoje uma equipe unida, muito
coesa e focada unicamente no objetivo de ser campeã. Tem também uma equipe
homogenia que entende dentro de campo aquilo que é proposto por ele como
estratégia de jogo, levando a equipe a conseguir resultados positivos e
consequentemente um aumento do nível de confiança e mais rendimento. Quanto ao
seu futuro, Sales disse que entrega nas mãos do supremo Deus. O seu pensamento
é de continuar como treinador, não tem dúvida. Não sabe se continuará no
Jequié, conversas somente depois do término do campeonato. Espera que venha o
convite, porém não concretizando a sua permanência analisará convites recebidos
de duas outras equipes. (Paulo Cesar Silva Sales)
Classificação da
Associação Desportiva Jequié no Campeonato Baiano de Futebol da Primeira
Divisão.
1970/5º Lugar, 1971/4º Lugar, 1972/6º Lugar, 1973/9º Lugar, 1974/7º
Lugar, 1975/10º Lugar, 1976/5º Lugar, 1977/10º Lugar, 1978/7º Lugar, 1979/11º,
Lugar, 1980/12º Lugar, 1993/8º Lugar, 1994/4º Lugar, 1995/6º Lugar, 1996/7º
Lugar e 1997/14º Lugar.
Classificação da
Associação Desportiva Jequié no Campeonato Baiano de Futebol da Segunda
Divisão.
1992/1º Lugar, 1999/7º Lugar, 2000/8º Lugar, 2003/10º Lugar, 2013/8º
Lugar, 2014/8º Lugar, 2015/8º Lugar, 2017/1º Lugar.
Jequié 2 X 1 Real Serrilhense – 13/12/1992 - Associação
Desportiva Jequié, campeão da Segunda Divisão do Campeonato Baiano de Futebol. Pio, Vandro, Geraldo, Altivo e André; Tim Maia, Nengo,
Herbert e Robério, Mococa e Ubaitaba.
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Jequié 3 X 1 PFC Cajazeiras - 09/07/2017 - Associação Desportiva Jequié, campeão da Segunda Divisão do Campeonato Baiano de Futebol. Leo, Dionísio, Railon, Corrêa e Arnold. Tite, Guga e Maicon. Tata, Peixoto e Marcelo Pano. |
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